Filme do Dia: O Filho Adotivo (1998), Aktan Abdykalykov


Filho Adotivo (Beshkempir, França/Curguistão, 1998). Direção: Aktan Abdykalykov. Rot. Original: Aktan Abdykalykov, Aytandil Adikulov & Marat Sarulu. Fotografia: Khasan Kydyraliyev. Música: Nurlan Nishanov. Montagem: Tilek Mambetova. Dir. de arte: Emil Tilelov. Com: Mirlan Abdykalykov, Adir Abilkassimov, Mirlan Cinkozoev, Bakit Dzhylkychiev, Albina Imasheva, Talai Mederov.
                 Beshkempir (Abdykalykov) é praticamente filho de uma das tradições do Curguistão: as famílias numerosas deixam um filho para aquelas que não conseguem ter filhos. Inicialmente evitado pelo grupo de crianças de sua idade, devido a sua origem, Beshkempir acaba, aos poucos, integrando-se. A relação, principalmente com um garoto vizinho, no entanto, é repleta de conflitos, que apenas se acirram quando Beshkempir aproxima-se da jovem que é desejada pelo grupo. Após espancar seu melhor amigo na casa dele, Beshkempir é chamado de bastardo pelo próprio pai adotivo e foge de casa. Retorna quando sabe que a avó, que lhe dava mais carinho que os próprios pais, encontra-se moribunda, mas não chega a encontrá-la com vida. Consegue finalmente aproximar-se da garota que admirava, da mesma forma que observara os outros garotos fazerem.
Esse retrato da puberdade que une as tradições culturais do país a uma provável inspiração autobiográfica possui seu grande trunfo menos no enredo em si, divertido e tocante sem ser necessariamente original que no ritmo com que a história é narrada, repleta de silêncios e inserções de elementos da natureza, assim como as poéticas dissoluções da imagem em um branco completo (que lembra a utilização de semelhante recurso em Sertão das Memórias). Como retrato autobiográfico de uma fase em que a descoberta da sexualidade é o elemento obsessivo e igualmente tratada de forma galhofa e agridoce não há como não traçar um paralelo com Amarcord (1974), de Fellini, evocado, sobretudo, na cena em que o grupo de garotos espiona uma mulher gorda semi-nua. Destaque para a bela fotografia (em p&b e cores) e o raro apuro visual dos planos como um todo, em se tratando de um cineasta estreante, que parecem apontar para algo mais que um mero esteticismo vazio. O alter-ego do cineasta é vivido por seu próprio filho. Primeiro longa metragem produzido no país. Kirghizfilm/Noé Productions. 81 minutos.

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