Filme do Dia: Ex Isto (2010), Cao Guimarães
Ex Isto (Brasil, 2010). Direção: Cao Guimarães. Rot. Adaptado: Cao Guimarães, a partir de "Catatau" Paulo Leminski. Com: João
Miguel
René Descartes vem ao Brasil junto com Maurício de Nassau
para descobrir que nenhuma lógica resiste ao calor e a desmesura dos trópicos
nesse longa “experimental” de Guimarães, repleto de achados visuais assim como
outro tanto de banalidades. Dentre as primeiras se encontram a forma como
Guimarães consegue criar a partir de imagens com a água, seja com a figura de
João Miguel a dominar o quadro (numa referência visual que lembra, ainda que
não tão criativa quanto, Filme de Amor,
de Bressane), seja – e principalmente – somente a própria água, a criar
arabescos e cintilações que acabam por se transformar no equivalente aos
efeitos das imagens eletrônico-digitais de alguns filmes de vanguarda. Dentre
as últimas, muitas das cenas em que Miguel passeia pelas ruas de um Recife
contemporâneo, fazendo o máximo possível para ser um elemento estranho em meio
ao peso do universo documental concreto, que teima em preponderar, muitas vezes
em sua mais pura insipidez. Não faltam lugares comuns pouco criativos, como o
de Descartes experimentando maconha, que mesmo que sejam derivativos da obra na
qual se inspirou, pouco se justificam. Por outro lado, existem imagens de uma
beleza de tirar fôlego, como a da enchurrada que se aproxima e circunda em
ritmo impressionante a árvore na qual Descartes se encontra pendurado. Livre
adaptação, como não poderia ser de outra forma, da obra de Leminski, o filme a
cita a todo momento, assim como ao Discurso
do Método, de Descartes. Muito do filme parece ser devedor de alguns
pioneiros do Cinema Marginal como Sganzerla e, sobretudo, Bressane, e não
necessariamente o que há de melhor no filme, antes o oposto. 86 minutos.
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