Filme do Dia: Filme de Amor (2003), Júlio Bressane
Filme de Amor (Brasil, 2003). Direção:
Júlio Bressane. Rot. Original: Júlio Bressane & Rosa Dias. Fotografia:
Walter Carvalho. Música: Guilherme Vaz. Montagem: Vírginia Flores. Dir. de
arte: Moa Batsow. Figurinos: Helen Millet. Com: Bel Garcia, Josi Antello,
Fernando Eiras.
O mesmo estilo hermético de Bressane
num padrão de produção pouco usual – fotografia exuberante de Carvalho, imagens
em vídeo digital – com acabamento aparentemente estranho ao universo do
cineasta. Porém, ledo engano, já que as preocupações visuais do filme –
inclusive, em termos de cromatismo – acompanham
o cineasta de muito. Nessa história que conta os encontros de um homem e
duas mulheres numa velha casa no centro do Rio – adaptada do mito das três
graças - existem dois momentos de intensa inspiração. O primeiro é o que as
mulheres flutuam de uma forma que nunca se viu no cinema, numa cena de
sofisticação visual de dar inveja a Tarkovski. O segundo é a terna homenagem
final que desvela as verdadeiras profissões dos protagonistas do filme
(ascensorista, barbeiro e pedicure) representando um sentimento do amor vivido
por populares enquanto resistência ao ostracismo cotidiano – tema que aliás
perpassa o filme e provavelmente possui ecos também de Bresson. E a seqüência
que amplia tal representação para as ruas do Rio, ao som de uma canção
igualmente popular, Hino do Amor, com
Dalva de Oliveira, consegue uma quase inédita representação do mesmo(o popular)
ao evitar tanto a sátira quanto o
paternalismo. Dito isso, o resto é um enfadonho desfiar de situações envolvendo
os três personagens na casa que soa irritantemente pretensioso e
deliberadamente hermético. De qualquer forma só a cena do vôo vale o filme, já
que afinal não é todo dia que se inventa uma maneira de voar. Grupo Novo de
Cinema e TV/TB Produções. 100 minutos.
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