Filme do Dia: Judex (1916), Louis Feuillade

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Judex (França, 1916). Direção: Louis Feuillade. Rot. Original: Arthur Bernède & Louis Feuillade. Fotografia: André Glatti & Leon Klausse. Dir. de arte: Robert-Jules Garnier. Com: René Cresté, Musidora, Édouard Mathé, Gaston Michel, Yvonne Dario, Yvette Andréyor, Juliette Clarens, Jean Devalde, Georges Flateau, Louis Leubas, Marcel Lévesque.

No mesmo ano que Griffith lançava seu Intolerância, Feuillade, a seu modo, também apresentava um monumento cinematográfico cuja extensão, se somados todos os episódios, supera igualmente em metragem aquele. Mais importanto, no entanto, é o quanto esse filme sinaliza para uma estética muito mais moderna visualmente que a de Griffith. Com infinitamente menos recursos do que o realizador norte-americano, Feuillade consegue não apenas orquestrar a movimentação dos atores com muito mais sutileza, apresentando composições impressionantes por seu talento visual e um estilo europeu no qual a montagem, pedra de toque da filmografia de Griffith, ganha menos importância do que a encenação no próprio plano. Seu banal e rocambolesco melodrama policial, sem dúvida influência para o que nomes como Fritz Lang realizariam posteriormente, com direito a um pai trazido de volta a vida, separação de filho (vivido por uma menina) da mãe por diversas vezes e governanta vilã, e revelações tipicamente melodramáticas como o filho reencontrando o pai por acaso numa ocasião de sequestro ao qual se encontrava envolvido e que promoverá, evidentemente, sua reabilitação moral. Como posteriormente em Lang não faltam personagens que literalmente se desmascaram diante do espectador, como é o caso do próprio Judex, assim como a irônica reversão na qual o tolo detetive Cocantin, motivação igualmente para o momento cômico do filme, é levado a participar da ação criminosa efetuada pela principal vilã, enquanto Judex, autor de ações que o incriminariam de início e o apontariam como vilão, torna-se herói, demarcando precocemente a volubilidade de tais papéis sociais, ao contrário da rigidez habitual do universo de um Griffith. É notável como prima, tal e qual o folhetim, pela suspensão sobre o que virá acontecer com maior eficácia dramática do que Intolerância, aonde a complexidade da relação entre a tentativa de emulação da história e a diegese particular dos personagens mais abertamente ficcionais soa um tanto indigesta. É notável a relativa virtuosidade com que Feuillade passeia entre os diversos núcleos de seu enredo, sem se tornar confuso como Griffith, tornando-se o precursor de um modelo que até hoje alimenta as séries televisivas. Societé des Etablissements L. Gaumont. 300 minutos.

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