Filme do Dia: Cutey and the Chorus Girls (1913), James Young



Cutey and the Chorus Girls (EUA, 1913). Direção: James Young. Rot. Adaptado: a partir do conto de Beta Breuil. Com: Wally Van, Flora Finch, Lillian Walker, Leah Baird, Hughie Mack, Harry Lambart, Lillian Burns.
Cutey (Van) vai assistir com os amigos Billy (Mack) e Johnny (Lambart) um espetáculo de coristas e se interessa por duas delas, Dolly (Walker) e Kitty (Baird). Porém a mais velha das coristas, Flora (Finch), acredita que os gestos foram para ela e demonstra seu interesse, para o desalento de Cutey. Tirando partido da situação, Billy e Johnny contratam um homem de altura extraordinária para se fazer passar pelo irmão de Flora e, no restaurante, em que Kitty e Dolly haviam marcado encontro, quem ele encontrará na mesa após uma longa espera é ninguém menos que Flora, cujo “irmão” pede satisfações e, para a alegria geral de todos, um noivado é selado contra a vontade do desgostoso Cutey.

Young com frequência se rendia a incursões pela comédia, gênero não tão frequente assim no estúdio e de notória distinção com relação a comédia pastelão que contemporâneos como Mack Sennett e outros realizavam. Aqui, como em outros exemplos de comédias dirigidos por ele, tais como Jerry’s Mother-in-Law, o humor pretende emergir a partir situações envolvendo protocolos sociais que dizem respeito a vida conjugal ou os afetos, mas sem apelar para correrias, saltos mirabolantes ou perseguições de carro como naquelas, podendo ser pensadas como precursoras das comédias de costumes no cinema. A misoginia, evidentemente, triunfa de forma recorrente, seja na figura típica da sogra indesejada, como na outra produção ou, como aqui, na figura da sensível e ressentida solteirona. Finch não apenas se sente mais a vontade nas comédias, sendo uma das figuras mais populares nas produções do estúdio, como sobreviverá a esse período da história do cinema como poucos, sendo observada em longas-metragens do período final do cinema mudo (como O Gato e o Canário, onde curiosamente vive uma solteirona amarga) e mesmo após a chegada do som (As Mulheres, de Cukor, em 1939, é seu último filme). Seu final se encontra truncado como as imagens não deixam de apontar, assim como igualmente o seu resumo, que se refere a depois do jantar, Cutey ter ido deixar Flora em casa. Se os laivos de misoginia se encontram presentes no filme até o final, a peça pregada contra Cutey não deixa tampouco de aguilhoar as pretensões masculinas do candidato a conquistador mais óbvio do grupo. Vitagraph Co. of America. 14 minutos e 45 segundos. 

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Filme do Dia: Der Traum des Bildhauers (1907), Johann Schwarzer

Filme do Dia: Quem é a Bruxa? (1949), Friz Freleng

A Thousand Days for Mokhtar