Filme do Dia: Entre Amigas (1960), Claude Chabrol
Entre Amigas (Les Bonnes femmes, França/Itália, 1960).
Direção: Claude Chabrol. Rot. Original: Claude Chabrol & Paul Gégauff. Fotografia: Henri Decaë. Música: Pierre Jansen& Paul Misraki. Montagem: Gisèle Chèzeau, Jacques Gaillard & Claude le Moro. Dir. de arte: Jean Lavie. Cenografia: André Labussière
& Jacques Mély. Com: Stéphane
Audran, Bernadette Lafont, Clotilde Joano, Lucile Saint-Simon, Mario David,
Pierre Bertin, Jean-Louis Maury, Dolly Bell, Rossana Rossanigo, Claude Berri.
Grupo de garotas trabalha em uma loja de
eletrodomésticos e sonha em encontrar o amor de suas vidas. Jane (Lafont)
namora um militar, André (Lapierre). Ginette (Audran) leva uma vida dupla,
apresentando-se como cantora em um clube da noite. Jacqueline (Joano), tímida,
sonha com o motociclista (David) que a segue sem nada falar. Rita
(Saint-Simon), mais afastada das outras colegas, noiva com um rapaz, que a põe
nervosa com a ansiedade com que espera a aprovação dela por seus pais. Ginette é
descoberta pelas amigas. Jane se aproxima
de Ernest, o motococilista e resolvem
namorar. Ele, no entanto, a leva para um bosque onde a estrangula.
Talvez
o melhor filme de Chabrol que, ao mesmo tempo que segue à risca o
distanciamento emocional que lhe é característico, observa com lirismo e
sutil ironia os personagens populares
que retrata e seus sonhos. Construído em
ritmo de diário, de forma semelhante ao Cléo de 5 às 7 de Varda, o filme possui também a força da narrativa
minimalista e da criação de uma atmosfera que é comum ao cineasta. A mais bela
seqüência do filme certamente é a final, em que uma das garotas, sentindo-se
completamente solitária, é convidada para dançar por um rapaz, e o momento de
doce fluidez do encontro do casal mescla-se a bela trilha musical. O tom de
casualidade do filme consegue ser mais eficiente do que as tentativas
empreendidas por Truffaut em filmes como Jules e Jim. No momento em que Jacqueline é sufocada na piscina pelos conhecidos
de Ginette e Jane, Chabrol une a imagem submersa a mudez da banda sonora. Em O Açougueiro, o cineasta voltaria a
unir assassinato à um grupo de crianças em passeio, influência evidente de Jean Vigo. Aqui, como em Acossado e
outros filmes contemporâneos da Nouvelle Vague, percebe-se um encantamento pela saída das câmeras às ruas de Paris,
que se agrega à perfeição a trivialidade alegre dos jovens personagens.
Destaques para sua límpida fotografia em preto e branco e o belo uso da
profundidade de campo, assim como personagens histriônicos tais como o patrão
das moças e o inconveniente rapaz que as corteja de modo histérico. Chabrol faz uma ponta, como seu mestre
Hitchcock, como cliente de um café.
Hakim/Panitalia/Paris Film. 100 minutos.
Comentários
Postar um comentário