The Film Handbook#120: John Schlesinger

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John Schlesinger
Nascimento: 16/02/1926, Hampstead, Londres, Inglaterra
Morte: 25/07/2003, Palm Springs, Califórnia, EUA
Carreira (como diretor): 1956-2007

Frequentemente aclamado como um dos melhores diretores a emergir da onda de realizadores de baixo orçamento e consciência social dos idos dos anos 60, John Richard Schlesinger tem observado sua reputação açodar em anos recentes. De fato, mesmo seus filmes mais louvados, em sua maior parte, retrospectivamente, aparentam serem rasos e mal concebidos.

Ator bissexto, Schlesinger iniciou realizando filmes amadores em 1948, antes de fazer seu nome no final dos anos 50 como diretor de documentários curtos para a televisão. Em 1962, fortalecido pelo premiado Terminus (uma breve análise em um dia da vida na Estação de Waterloo), ele realizou seu longa de estreia, Ainda Resta uma Esperança/A Kind of Loving, no qual um romance no acizentado norte industrial inglês finda em gravidez, um casamento estéril e desencantamento. Ambientado em uma sociedade observada igualmente de modo paternalista, a comédia O Mundo Fabuloso de Billy Liar/Billy Liar>1, contrastava os sonhos de heroísmo ao estilo de Walter Mitty de um rapaz com a tediosa realidade de sua vida de classe média. Mesmo um tanto óbvio, o filme foi certamente mais cheio de vida e menos pretensioso que Darling, A Que Amou Demais/Darling, uma sátira vazia e fashion em que as obsessões egocêntricas de uma socialite são observadas por um ambicioso estilista. Ela foi interpretada pela "descoberta" do diretor, Julie Christie, que reapareceu como Hardy Bathsheba no raso, arrastado, mas soberbamente fotografado Longe Deste Insensato Mundo.

Tal era a reputação de Schlesinger que em 1969 ele realiza o seu primeiro filme americano, Perdidos na Noite/Midnight Cowboy>2. Sobre uma amizade inquieta que se desenvolve entre um vigarista tuberculoso e um ingênuo e rústico cowboy texano numa Nova York observada como uma combinação esquizofrênica de cortiços em ruínas e festas extravagantes e orgíacas, o filme se beneficiou de suas atuações fortes, assim como de uma percepção exterior de uma dura, vibrante, mas alienante cidade. Porém foi enfraquecido tanto por sua relutância em confrontar os elementos homossexuais da relação de camaradagem da dupla principal quanto por seu sentimental desfecho. Ainda mais controverso foi Domingo Maldito/Sunday Bloody Sunday, que apresentava um implausível triângulo romântico envolvendo uma mulher de negócios, um pacato médico e um designer vanguardista bissexual em uma Londres de classe média pouco verossímil; a despeito da ótima interpretação de Peter Finch enquanto reprimido médico gay, a sensibilidade sério-dramática do filme extrai o que poderia ter sido um relacionamento tenso de dor, paixão e vitalidade. Desde então, na realidade, Schlesinger iniciou um estável declínio: O Dia do Gafanhoto/Day of the Locust foi uma caricatura excessiva do romance de Nathanael West sobre corrupção, hipocrisia e histeria na Hollywood dos anos 30; um rotineiro e demasiado longo filme policial, Maratona da Morte/Marathon Man>3 chamou a atenção por uma desagradável cena de nada estetizada tortura dental e, ocasionalmente, soberbas locações fotográficas (em Nova York e Paris); e a potencialmente interessante análise, em Os Yankees Estão Voltando/Yanks, das tensões anglo-americanas numa Inglaterra em guerra atolam-se em nostalgia barata e açucarado e fastioso romance. Sejam quais tenham sido os créditos de Schlesinger de inteligência e integridade em narrativas de relações complexas sufocadas por uma sociedade insensível, ele os abandonou de vez nos anos 80. Uma Estrada Muito Doida/Honk Tonk Freeway foi uma sátira tristemente nada divertida, A Traição do Falcão/The Falcon and the Snowman, um thirller de espionagem inábil e clichê e Adoradores do Diabo/The Believers, um risível filme de horror sobre vodus ambientado em Nova York. Somente Madame Sousatzka, uma história sentimental e esporadicamente perspicaz da luta de uma professora de música para proteger seu jovem pupilo dos abutres gananciosos que o tentam para a apresentação em um concerto, foi recebido com algum entusiasmo pela crítica - em grande parte, graças às suas atuações.

Porém Schlesinger, frequentemente aclamado por seu trabalho com atores, igualmente nutre um senso de teatralidade; ele possui pouca ideia de ritmo, embora suas pretensões de comentário social soem ditadas pelas atitudes correntes na moda. Portanto, sua obra provavelmente envelhecerá mal.

Cronologia
Schlesinger chamou a atenção, juntamente com Anderson, Karel Reisz e Tony Richardson; seu afastamento posterior do realismo pode ser traçado pela influência de realizadores europeus como Antonioni e Godard. Sua própria influência em outros diretores é certamente mínima.

Destaques
1. O Mundo Fabuloso de Billy Liar, Reino Unido, 1965 c/Tom Courtenay, Julie Christhie, Mona Washbourne

2. Perdidos na Noite, EUA, 1969 c/Jon Voight, Dustin Hoffman, Sylvia Miles

3. Maratona da Morte, EUA, 1976 c/Dustin Hoffman, Laurence Olivier, Roy Scheider

Texto: Andrew, Geoff. The Film Handbook. Londres: Longman, 1989, pp. 256-7.

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