Filme do Dia: Entre a Vida e a Morte (1957), Hall Bartlett


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Entre a Vida e a Morte (Zero Hour!, EUA, 1957). Direção: Hall Bartlett. Rot. Adaptado: Arthur Hailey, Hall Bartlett &  John C. Champion, baseado na telepeça de Hailey. Fotografia: John F. Warren. Música: Ted Dale. Montagem: John C. Fuller. Dir. de arte: Boris Leven. Cenografia: Ross Dowd. Figurinos: Eddie Armand. Com: Dana Andrews, Linda Darnell, Sterling Hayden, Elroy “Crazylegs” Hirsch, Geoffrey Toone, Jerry Paris, Perry King, Patricia Tiernan, Raymond Ferrell.

Desesperado para salvar o seu casamento, o veterano da Segunda Guerra Ted Stryker (Andrews), que nunca mais conseguiu se manter num emprego desde então, embarca no mesmo avião que sua esposa, Ellen (Darnell), pretende abandoná-lo, juntamente com o filho Joey (Ferrell). Uma das opções de refeição servida no vôo, no entanto, deixam piloto e co-piloto incapacitados de comandar o avião, assim como vários passageiros em estado grave (entre eles, o filho do casal). Contra sua vontade, Ted assume o comando do avião e após muita tensão, cosegue aterrisar, mesmo indo contra as admoestações do seu instrutor na torre de controle, Treleaven (Hayden).

Bem antes do best-seller que também viraria filme e o tornaria famoso, Aeroporto, Hailey já havia colaborado com material semelhante e que, juntamente com Um Fio de Esperança (1954), de William Wellman, antecipariam de forma mais sutil as investidas que o cinema-catástrofe faria no gênero. Tudo segue o arco da mais explícita trivialidade. Aqui conta-se com não um prazo, mas dois, evidentemente interligados – chegar a salvo com o avião e conseguir vencer a batalhar contra o tempo, que não apenas selará a sobrevivência de boa parte dos pacientes afetados pela comida (e é não menos  que surpreendente, para os padrões de hoje, que a companhia aérea, a American Airlines, tenha concordado em ceder sua marca) como o futuro triunfante do casal, representado pelo filho. Como é igualmente comum no gênero, para que o herói ganhe seu selo de autenticidade, é necessário que lute não apenas contra seus demônios interiores (aqui os episódios traumáticos vivenciados na II Guerra Mundial, no caso do filme de Wellman se trata de um veterano da I Guerra) como contra aqueles que não “acreditam o suficiente” (em Wellman, o seu co-piloto, que vivencia o seu momento de fraqueza, aqui o comandante da torre de controle). Ao contrário de Wellman, assim como dos filmes de duas décadas após, aqui não existe um investimento o suficiente na democratização dos dramas, o que se por um lado pode ser apreciado como um maior centramento na motivação primordial da trama (ao mesmo tempo poupando o espectador dos constrangedores subdramas do filme de Wellman e sucedâneos) tampouco pode deixar de ser depreciado por apenas apontar de forma superficial os mesmos e não os desenvolver, a depender do ponto de vista. Provavelmente a primeira leitura faça mais jus ao filme, até mesmo porque ele também dispensa qualquer eufemismo ao final, sendo mais que evidente que tudo se resolveu e tendo, inclusive, seu protagonista já recebido pelo rádio as congratulações que o reabilitam enquanto homem para que sua esposa não mais se envergonhe dele, antes pelo contrário.  Dito isso, tampouco o filme consegue se libertar de suas limitações, que são várias.  Como, por exemplo, o melodrama do casal principal que ganha foros nos quais o casal não apenas pretende resolver decididamente suas vidas, mas a de todos ali presentes. Ou seja, indo bipolarmente de um extremo de anos de negação social para a própria encarnação do heroísmo social. Ou ainda nas interpretações modelares do que seriam os papéis masculino e feminino da época que são um verdadeiro convite ao humor involuntário (não é à toa que o filme acabaria tendo seus direitos comprados para ser refeito enquanto paródia em Apertem os Cintos – O Piloto Sumiu, uma espécie de fecho para o gênero em sua versão anos 70) tal como encarnados por Andrews e Darnell respectivamente. Para não falar de coadjuvantes abaixo de qualquer comentário como o astro do futebol americano Elroy “Crazylegs” Hirsh – que a essa época já tinha tido um longa dramatizando sua vida - ou o jovem garoto Ferrell, que para a sorte dos espectadores decidiram não seguir carreira artística. Por fim, como não esquecer os infames diálogos que tampouco deixariam de ser vítimas de uma releitura satírica na comédia de 1980. Bartlett-Champion Prod./Carmel Prod./Delta Enterprises/Paramount Pictures para Paramount. 81 minutos.

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