Filme do Dia: Lucía (1968), Humberto Solás
Lucía (Cuba, 1968). Direção: Humberto Solás. Rot. Original:
Julio García Espinosa, Nelson Rodríguez & Humberto Solás. Fotografia: Jorge
Herrero. Música: Leo Breuwer. Montagem: Nelson Rodríguez. Figurinos: Maria
Elena Molinet. Com: Raquel Revuelta, Eslinda Nuñez, Adela Legrá, Eduardo Moure,
Ramón Brito, Adolfo Llaurado, Idalia Anreus, Silvia Planas.
Nos tempos da Guerra pela
independência contra a Espanha, Lucía (Revueltas), filha de família
tradicional, parece descobrir que sua sorte será de se tornar uma velha tia
solteirona quando o charmoso Rafael (Moure), que possui livre trânsito entre a
Espanha e Cuba se enamora dela. Logo descobre que ele possui um filho com outra
mulher na Espanha, o que gera grande escândalo na sociedade local. Lucía não
ressiste ao seus encantos, no entanto, fugindo de casa com a promesse de viver
com ele nos cafezais da família. Porém, Rafael, a abandona em meio ao conflito
entre cubanos e espanhóis. Para piorar tudo, encontra o outro homem que mais
amava na vida, seu irmão Filipe, morto em decorrência do mesmo conflito. Década de 1930. Lucía (Nuñez), jovem filha de
pais burgueses separados, apaixona-se pelo revolucionário Aldo (Brito), porém o
romance de ambos é constantemente interrompido pela engajamento armado de Aldo
que o acaba por matá-lo. Década de 1960. Lucía se casa com Tomas (Llaurado),
porém o que era somente amor e sexo nas primeiras semanas, transforma-se num pesadelo quando ela descobre o marido
extremamente possesivo.
Num dos mais aclamados filmes
cubanos, Solás pretende refletir sobre a situação de opressão às mulheres na
cultura cubana em três momentos históricos distintos. Talvez o menos
interessante dos episódios seja o segundo, que não consegue sequer suscitar um
processo de identificação mais efetivo para com o drama de seus personagens. O
primeiro, de notada influência dos dramas históricos de Visconti, não consegue
com a mesma facilidade do cineasta italiano fazer do drama pessoal e intimista
expressão para as tensões sociais e de classe mais amplas. Com relação ao
último, o tom didático que pretende ser um recado nada sutil para a cultura
machista cubana só não chega a sufocar por completo sua narrativa (a música Guantanamera funcionando como mais um
elemento de redundância ao longo da mesma) por conta de no final, ao contrário
do esperado, não haver nenhum acordo entre o machismo providencialmente
irritante de Tomas e o desejo mínimo de emancipação de Lucía, demonstrando que
a condição de opressão feminina está longe de resolvida mesmo em tempos
“revolucionários”. ICAIC. 160 minutos.
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