Filme do Dia: Juventude (2015), Paolo Sorrentino
Juventude (Youth,
Itália/França/Reino Unido/Suiça, 2015). Direção e Rot.Original: Paolo
Sorrentino. Fotografia: Luca Bigazzi. Música: David Lang. Montagem: Cristiano
Travaglioli. Dir. de arte: Ludovica Ferrario, Daniel Newton & Marion
Schramm. Figurinos: Carlo Poggioli. Com: Michael Caine, Harvey Keitel, Rachel
Weisz, Paul Dano, Ed Stoppard, Jane Fonda, Alex Macqueen, Madalina Diana
Ghenea, Roly Serrano.
Fred Ballinger (Caine) é um maestro aposentado
que recebe um emissário da rainha (Macqueen), que quer vê-lo novamente executar
suas Simple Songs, que ele recusa
terminantemente. Ele se encontra hospedado em um hotel de luxo, com o amigo de
décadas e cineasta Mick Boyle (Keitel), que planeja seu filme-testamento e com
a filha Lena (Weisz), também sua assistente. Próximo de Ballinger se encontra o
ator Jimmy Tree (Dano), ressentido pelo fato de ser somente lembrado pelo papel
de robô em um filme que considera menor em sua carreira. O casamento de Lena
com o filho de Boyle acaba, após esse afirmar ter encontrado uma mulher com que
se relaciona melhor na cama.
Como de praxe em sua carreira, Sorrentino
desfia um rosário de platitudes e pretende que com os enquadramentos e
movimentos de câmera rebuscados somados a alguns chistes esteja realizando algo
profundo. Porém, não o é e nem tampouco funciona como pastiche do profundo, o
que em certa medida também pretende ser. Michael Caine consegue uma elevada
interpretação mas, para além dele, e talvez de sua filha e do personagem de seu
melhor amigo, apenas existem tipos chapados que servem como plataforma para os
habituais preconceitos e tiradas irônicas do realizador na boca de seus
personagens principais – como que escutando as possíveis críticas de sua
produção anterior, A Grande Beleza,
aqui existe um movimento em quem é vítima do escárnio consegue eventualmente –
e com sucesso – contra-atacar, como é o caso da Miss Universo que cala rápido o
sarcasmo que lhe é endereçado por Jimmy Tree. E até mesmo se permite um momento
em que Ballinger demonstra um grau de humanidade habitualmente ausente dos protagonistas
de Sorrentino, ao recusar emocionado os apelos de uma segunda visita do
emissário da rainha, apresentando enfim o motivo de sua recusa, o fato das
composições terem sido escritas para sua inválida esposa, Melanie, e que
somente ela poderia canta-las enquanto se encontrar viva. Porém, trata-se de
breves piscadelas que não ocultam a pretensão do filme ser uma expressão da
“grande arte”, cujos obscenos vídeos de uma produzida ídola pop servem como
contraponto a se rir e exorcizar. Mesmo que de forma mais discreta, as
referências aos tipos fellinianos persiste, sendo que a situação mais evocativa
do mesmo a que mulheres de tipos variados surgem na imaginação de Boyle. O
estilo fragmentado serve como uma luva para Sorrentino apresentar suas soluções
pretensamente cômicas, que por vezes beiram o humor involuntário de tão
clichês, como o chilique no avião dado pela diva de Fonda. Nunca ela ou Caine
foram observados com uma pele tão visivelmente enrugada, muito provavelmente
devido a maquiagem e/ou dublês de corpo. Dedicado a Francesco Rosi. Primeiro
filme falado em inglês do cineasta. Indigo Film/Barbary Films/Pathé/France 2
Cinéma/Number 9 Films/C-Films AG. 124 minutos.
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