Filme do Dia: A Árvore da Vida (2011), Terrence Malick
A Árvore da Vida (The Three of Life, EUA, 2011). Direção e
Rot. Original: Terrence Malick. Fotografia: Emmanuel Lubezki. Música: Alexandre Desplat. Montagem: Hank Corwin, Jay
Rabinowitz, Daniel Rezende, Billy Weber & Mark Yoshikawa. Dir. De arte:
Jack Fisk & David Crank. Cenografia: Jeanette Scott. Figurinos: Jacqueline
West. Com: Brad Pitt, Sean Penn, Jessica Chastain, Hunter McCraken, Laramie
Eppler, Tye Sheridan, Fiona Shaw, Nicolas Gonda.
Jack (McCracken)
tem que lidar com o extremo autoristarismo do pai, O’Brien (Pitt), por um lado
e com a compensação demasiado afetiva da mãe (Chastain) por outro, além da trágica morte do irmão do meio, R.L.
(Eppler). Tudo isso é filtrado pela mente de um Jack já adulto de meia-idade
(Penn).
Como em outros
filmes de Malick não se segue exatamente um enredo com arco dramático
convencional e se explora abertamente a dimensão subjetiva, quase sinéstesica
mesmo dos sentimentos. Malick, ao se deter no fluxo da memória e de um certo
sentido de espiritualidade poderia talvez se encontrar mais próximo de um Tarkovski
do que de um Bresson, que faz emergir tal senso a partir da mais chapada
realidade cotidiana. E é justamente quando extrapola nessa evocação mística,
através de imagens que remetem a origem da própria vida (evocativas de 2001 e inclusive a cargo do mesmo
Douglas Trumbull), chegando a apresentar dinossauros, numa longa digressão de
sua narrativa, já por demais fragmentada, e embalada por uma trilha musical de
colorações sacras, que o filme acabe se tornando mais próximo do desmerecedor
título de pretensioso frequentemente imputado as obras de seu realizador. E é
quando mais foca na relação de Jack com os pais, sobretudo com o pai, que o
filme mais cresce – por mais que a interpretação sensível e matizada do jovem
McCraken em seu primeiro filme sofra com o contraste da canastrice de Pitt como
chauvinista e violento. É justamente ao apelar para efeitos especias ou imagens
fantásticas de gosto duvidoso, já que por demais associadas com clichês
“espiritualistas” que o filme também possa ser lido de modo mais rasteiro.
Malick se encontra longe das idiossincrasias visuais como as que marcam a
relação entre pai e filho no filme homônimo de Sokurov. E sua evocação final ao
8 e ½ (1963) de Fellini foi uma
razoável saída para desfecho. Destaque para a interpretação inspirada de
Jessica Chastain. Palma de Ouro no
Festival de Cannes. Cottonwood Pictures/Plan B
Ent./River Road Ent. Para Fox Searchlight Pictures. 139 minutos.
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