Filme do Dia: Barbarella (1968), Roger Vadim
Barbarella (Itália/França/EUA, 1968). Direção: Roger Vadim. Rot. Adaptado:
Vittorio Bonicelli, Claude Brulé, Brian Degas, Jean-Claude Forest, Tudor Gates,
Terry Southern, Roger Vadim
& Clement Biddle Wood. Fotografia: Claude Renoir. Música: Bob
Crewe, Charles Fox & Michel Magne.
Montagem: Victoria Mercanton. Dir. de arte: Mario Garbuglia. Figurinos: Jacques
Fonteray & Paco Rabanne. Com: Jane Fonda, John Phillip Law, Anita
Pallenberg, Milo O'Shea, David Hemmings, Ugo Tognazzi, Marcel Marceau, Claude
Dauphin, Véronique Vendell.
Barbarella (Fonda) é designada pelo
presidente da Terra (Dauphin) para deter os planos de conquista do planeta pelo
gênio do mal Duran Duran (O’Shea). Contando com o auxílio do anjo Pygar (Law),
ela tem que se safar de todas as armadilhas que lhe são preparadas por Duran
Duran e pela Grande Tirana (Pallenberg), que governa o planeta de SoGo. Conhece
um líder rebelde Dildano (Hemmings), que pretende libertar o planeta da Tirana.
Barbarella convence Duran Duran, também disposto a depor a Tirana, mas por
outros motivos – conquistar a terra – a se aliarem para a invasão da sala onde
dorme a tirana, da qual Barbarella possui a chave invisível. Porém Duran Duran
trai Barbarella, que fica confinada na mesma sala que a Tirana. Elas conseguem
ser salvas, no entanto, por Pygar.
Essa aventura
futurista apenas evidencia o contínuo declínio da carreira de Vadim, sendo o
resultado final de suas tendências proto-pornográficas aqui francamente
constrangedores e distantes de uma certa sensibilidade exibida pelo cineasta em
seu filme de estréia E Deus Criou a Mulher (1956). Em comum com aquele, apenas o seu habitual recurso de despir
as mulheres com quem vivia relacionamentos na época da produção dos filmes – lá
Bardot, aqui Fonda nos créditos iniciais. Ao unir o universo futurista com a
pausterização de modismos da época relativos ao amor livre e psicodelia, o
cineasta realizou uma obra-prima do mau gosto tanto em termos de produção
visual (os cenários são tão grotescos quanto os figurinos e os efeitos
especiais) como de direção de atores canhestramente amadora e inconvincente
(sem exceção, com uma Jane Fonda completamente patética gritando por seu
Pygar). Completa o quadro diálogos hilários, que apenas comprovam a
inexistência de um roteiro (apesar do notável número de roteiristas ou talvez
por isso mesmo) e uma narrativa que não se define entre a ficção-científica e a
sátira do gênero (não se sabe qual a pior das investidas, no sentido de que não
há elementos minimamente convincentes para nenhuma dos dois modelos). Tanto nonsense
parece não ter ouro motivo que o de exibir os dotes de Fonda. Seu estilo abertamente
trash e kitsch influenciou filmes recentes como O Quinto Elemento (1998), de Besson e Austin Powers II (1999), que entre
muitas outras referências, tem um protagonista excessivamente coberto de pelos
no tórax. Outra adaptação do universo dos quadrinhos, com uma protagonista
feminina realizada para o cinema na época , Modesty Blaisie (1966) de Joseph Losey, foi mais bem
sucedida. Virna Lisa havia sido a escolha inicial para a protagonista, mas
acabou decidindo abandonar a produção. A cidade de SoGo, tem seu nome extraído
das iniciais de Sodoma e Gomorra. Dino de Laurentiis Cinematografica/Marianne
Productions/ Paramount Pictures. 98
minutos.
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