Em largas passadas calco o terreno úmido da rua e por baixo sinto a rocha, metálica, que desponta aqui e ali formando caprichosas calçadas e pequenos degraus nas soleiras. As portas estão escancaradas, é possível espiar cada casa e ver que já tem uma cama refeita, com a colcha vermelha por cima, uma mesa e oleografias nas paredes; das traves do teto pendem réstias de cebolas; não se nota a presença de alma viva, mas, se paro para observar mais atentamente, rápida e sem o mínimo rangido a porta se fecha em minha cara.

Elio Vittorini, Sardenha como uma Infância

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