Filme do Dia: E Agora, Aonde Vamos? (2011), Nadine Labaki
E Agora, Aonde Vamos? (Et
Maintenant on Va Où?, França/Líbano/Egito/Itália, 2011). Direção: Nadine Labaki. Rot. Original: Rodney Al Haddid, Thomas
Bidegain, Nadine Labaki & Sam Mounier. Fotografia: Christophe Offenstein. Música: Khaled Mouzannar.
Montagem: Véronique Lange. Dir. de arte: Cynthia Zahar. Figurinos: Caroline
Labaki. Com: Claude Baz Moussawbaa, Leyla Hakim, Nadine Labaki, Yvonne Maalouf,
Antoinette Noufaily, Julian Farhat, Ali Haidar, Kevin Abboud.
Num vilarejo libanês, as tensões
entre cristãos e muçulmanos resultam em boa parte dos maridos e filhos das
mulheres mortas. Quando um incidente leva a morte de mais um garoto da região,
sua mãe acoberta o fato o quanto pode, temendo pela reação do outro filho. O
imã e o padre, por sua vez, convocam os moradores para uma festa, animada pelas
garotas russas em trânsito, sendo que a comida e a bebida foram devidamente
“vitaminadas” com haxixe. Quando acordam, os homens passam a lidar com mulheres
e mães que simplesmente inverteram sua prática religiosa – as cristãs se
paramentam como muçulmanas e vice-versa.
Mesmo que o tom fabular seja
assumido ao início e final do filme e que a presença dos números musicais seja
entremeada com certa graça, esta produção é, ao final de contas, prejudicada pela excessiva autocondescedência
com que generaliza os conflitos étnico-culturais de forma demasiado fácil.
Assim, a dimensão de conflito é simplesmente equacionada a uma questão de
gênero, o masculino, sendo as mulheres as portadoras da cultura e da
civilização, com uma “tolerância” que consegue ou ao menos tenta fazer frente à
própria dor pessoal. Da mesma forma a presença das garotas russas e outras
subtramas parecem apontar para um enredo que poderia ser mais bem lapidado e
redondo, deixando entrever e explorar o conflito central sem mais delongas.
Aqui, nessa constante mudança de chave entre o cômico e o sério-dramático, e
mesmo trágico, é o segundo que acaba soando algo excessivo ou mesmo
inconsequente ao ser utilizado como mero elemento que provém um passaporte para
uma dimensão algo abstrata-etérea do que seria a convivência pacífica entre os
diferentes. E igualmente seu final, com a situação que leva a indagação que dá
titulo ao filme soa artificioso. Labaki ganhou notoriedade com seu mais
interessante Caramelo (2007), onde
tanto os dramas se desenvolviam com mais acuidade, como esse trânsito entre o
dramático e o cômico se dava de modo mais bem resolvido em uma narrativa menos
dispersiva. Les Films des Tournelles/Pathé/Les Films de Beyrouth/United Artistic
Group/Prima TV/France 2 Cinéma/Ginger Beirut Prod. para Pathé. 110 minutos.
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