Filme do Dia: Amor à Tarde (1972), Eric Rohmer



Amor à Tarde (L´Amour l´aprés-midi, França, 1972). Direção e Rot. Original: Eric Rohmer. Fotografia: Néstor Almendros. Montagem: Cécile Decugis. Dir. de arte: Nichole Rachline. Figurinos: Daniel Hecther-Vog. Com: Bernard Verley, Zouzou, Françoise Verley, Daniel Ceccaldi, Malvine Penne, Babette Ferrier.

Frédéric (Verley), casado com Hélène (Verley), fantasia ser amante de todas as mulheres embora prefira persistir fiel a sua esposa. A situação muda de figura quando surge a provocante Chloé (Zouzou), ex-amante de um amigo. Frédéric se interessa por ela, mas quando ela finalmente cede aos seus desejos, ele prefere retornar para a esposa e declarar o quanto a ama.

Sexto e último dos Contos Morais de Rohmer que, com sua habitual sensibilidade e sofisticação, transforma temas aparentemente banais em uma intensa investigação sobre a alma humana, em que tal intensidade surge da inversa apropriação dos habituais recursos com que é representada pelo cinema convencional: comedimento nas interpretações, ausência de trilha-sonora, ênfase na sutileza dos movimentos corporais, recusa de um escrutínio moral banal. Como em outros filmes do ciclo, tais como A Colecionadora, o cineasta observa com habitual ironia, porém sem qualquer sombra de desprezo por seus personagens, o hiato que separa o ideal que possuem de si próprios e os impulsos que o acabam por se contraporem ao mesmo. Nesse sentido, o discurso inicial over e off que acompanha sobretudo o prólogo do filme é desmentido pelas duas partes que o sucedem, para tentar recuperar seu frágil equilíbrio no epílogo. Nunca é de menos destacar o primoroso trabalho de direção de atores e, no caso particular em questão, uma sequência que Rohmer trabalha com a fantasia do protagonista imaginando possuir um amuleto que o transforma em irresistivelmente atraente para todas mulheres que caminham pelas calçadas, tanto incomum em sua obra quanto grandemente histriônica. Les Films du Losange. 97 minutos.

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