a imagem que falta
Saudade do amigo Márcio Figueiredo, com quem durante um curto período de minha vida, sonhei em seguir carreira como fotógrafo. Logo daria conta da minha inabilidade para lidar com detalhes como os químicos ou o corte do papel fotográfico; eu cuja coordenação motora é praticamente nula. Como se pode perceber nas marcas deixadas nessa foto, que não simplesmente as do tempo. De toda forma gosto dela com suas imperfeições. É evocativa de um período da minha vida. Márcio persistiu e estava conseguindo emplacar, juntamente com Tiago Santana, que acabaria ganhando renome, um espaço no mundo da fotografia. Quando nos surpreendeu com sua morte precoce.
Dessa época pouca coisa sobrou em termos de memória visual. Mesmo de Márcio, estive vasculhando meus arquivos digitais, uma seleta que foi escaneada para o computador, e não encontrei o que acredito ser senão a única, uma das poucas fotos que tenho dele. Flagrando-o em ação, na rua, com a câmera a tiracolo, de costas. Gostaria muito de revisitar a obra de Márcio, que tem um trabalho muito bonito em p&b sobre Fortaleza, anos 80. Como fazer isso? Cheguei a encontrar Tiago uma vez no Centro Cultural Dragão do Mar e comentei com o mesmo esse meu desejo. Espero que sua família tenha preservado seus negativos. Eu mesmo não tive muito cuidado de preservar os meus. Se ainda existirem, isso se deve mais à sorte que a qualquer zelo de minha parte.
O tempo é cruel. Tentei uma pesquisa rápida no Google com o nome de Márcio e não consegui encontrar absolutamente nada. Além de vivermos em um mundo que prima cada vez mais pelo aqui e agora, Márcio se foi antes da revolução digital. De toda forma, não necessariamente precisamos de imagens para nos fazer suscitar memórias, ainda que elas sejam um bom auxílio, como nos lembra Éclea Bosi em seu admirável livro.
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