Filme do Dia: Um Dia em Nova York (1949), Stanley Donen & Gene Kelly
Um Dia em Nova York (On the Town, EUA, 1949). Direção:
Stanley Donen & Gene Kelly. Rot. Adaptado: Betty Comdem & Adolphe
Green, a partir do musical teatral de Jereme Robbins. Fotografia: Harold Rosson.
Montagem: Ralph E. Winters. Dir. de arte: Cedric Gibbons & Jack Martin
Smith. Cenografia: Edwin B. Willis. Figurinos: Helen Rose. Com Gene Kelly, Frank Sinatra, Betty Garrett, Ann
Miller, Jules Munshin, Vera-Ellen, Florence Bates, Alice Pearce.
Gabey (Kelly) e os
amigos Chip (Sinatra) e Ozzie (Munshin) são marinheiros que tem um dia para se
divertirem em Nova York. Indo a todos os pontos turísticos da cidade, Gabey
apaixona-se pela garota que encontra em um cartaz do metrô e que
acredita ser uma celebridade, Ivy Smith (Vera-Ellen). Enquanto Gabey busca Ivy,
que encontra em carne-e-osso na mesma estação na qual vira o cartaz, Chip é
literalmente fisgado pela motorista de táxi Brunhilde (Garrett) e Ozzie se
diverte com Claire (Miller), que conhece no Museu de História Natural. Smith,
assim como as outras garotas, alimentam a ideia de que Ivy é uma garota rica e
famosa, porém essa tem que abandonar Gabey no meio da noite para ir se apresentar numa espelunca em Long Island. Gabey fica desconsolado. Brunhilde
tem a idéia de chamar sua feiosa e
desengonçada companheira de apartamento, Lucy (Pearce), para tentar animá-lo,
mas ele não consegue esquecer Ivy. Ao encontrar casualmente com Madame
Dilyovska (Bates), professora de balé de Ivy, Gabey toma conhecimento de onde
ela se encontra, indo com os amigos até lá e, ao mesmo tempo, fugindo da
polícia, que os persegue por acidentalmente terem destruído o esqueleto de um
dinossauro no Museu. Gabey finalmente encontra Ivy e descobre a verdade. A
polícia encontra todos eles, mas acaba esquecendo as acusações. Pouco tempo
depois, os rapazes se encontram de volta ao navio.
Ainda que esse
filme de estréia de Donen esteja longe de possuir o apelo de seu filme mais
famoso, Cantando na Chuva (1952),
parece ter influenciado mais os filmes que Jacques Demy realizaria na França na
década seguinte (Os Guarda-Chuvas do
Amor, sobretudo). E isso tanto no que diz respeito ao seu estilo, tendo
sido o primeiro musical a utilizar maciçamente de locações (o que acabou sendo
uma dor de cabeça para a produção, sobretudo devido a popularidade de Sinatra
no período e ao baixo orçamento da produção, o que pode ser percebido no número
de dança diante do Lincoln Center, no qual se percebe a multidão que assiste as
filmagens) quanto na história de amor de personagens banais e pobres. E, para
complementar, ainda que a história de amor e a forte dose de fantasia inerente
a ela não seja desfigurada pela realidade como no final do filme de Demy,
tampouco acena de modo mais efetivo para uma continuidade além do dia descrito.
Aliás, o filme pode ser considerado ousado, tanto em alguns de seus números
musicais, como em diálogos, acenando para uma sensualidade que se encontra
representada de modo mais acentuado na parte masculina do elenco – uma
piscadela para o público potencial ao qual esse gênero se dirigia? Brunhilde,
por exemplo, praticamente arrasta seu homem para casa, após mil tentativas
desse escapar, porém as duas outras mulheres são um tanto anódinas e não
demonstram a mesma energia e vitalidade do trio masculino – curiosamente
Sinatra e Kelly já haviam composto parte de um trio de marinheiros no musical Marujos do Amor (1945), de George
Sidney. Boa parte das canções foi composta por Leonard Bernestein,
destacando-se a canção inicial New York,
New York, mais interessante e menos derramada que a canção homônima gravada
tempos depois por Frank Sinatra e transformada em título de filme dirigido por
Scorsese. Existe ainda um momento exclusivo para uma apresentação de dança, a
pretexto de expressar o sonho do personagem principal de reencontrar sua amada
a partir de um cartaz de rua e cujo título (A
Day in New York) acabou se tornando o da versão brasileira. MGM/Loew´s para
MGM. 98 minutos.
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