Portrait of a Lady (1789)

A política teve um papel importante na carreira de Madame Vigée-Lebrun. Uma pintora de Maria Antonieta desde 1779, foi eleita para a Real Academia de Pintura por um decreto da rainha em 1783. Seus laços próximos com a família real puseram sua vida em risco durante a Revolução e ela abandonou a França em 1789, não retornando senão após a Restauração dos Bourbon em 1812-14. Portanto, não é surpreendente que seus retratos das damas da sociedade revelem poses graciosas, superfícies acabadas e expressões doces, mas controladas, que tanto mascaram quando traem uma atmosfera de mudança política ao redor de seus retratados.

A elaborada vestimenta dessa jovem mulher apresenta motivos de três culturas diversas. Seu turbante e jaqueta evocam roupas de um harém turco. As alusões a um exótico Oriente assinalam uma fuga do presente assim como uma aceitação de ideias não-ocidentais pelo Iluminismo. Seu fluido vestido branco evoca os da Grécia e Roma Antigas, significando inspiração para virtudes republicanas. O camafeu Wedgewood, proeminente em sua faixa é inglês; por essa época, as importações britânicas representavam produtos de outro sistema político, uma monarquia parlamentar, que chegou a ser considerada como um modelo político para a França. Ao detalhar rigorosamente a indumentária, Vigée-Lebrun mostra o quão profundamente a política havia penetrado na vida cotidiana então. A expressão de engajamento sobre um tema desconhecido convém as nascentes tensões do período.
Texto: National Gallery of Art. Nova York: Thames & Hudson, 2005. p. 175.

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