Filme do Dia: Sonhos de um Sedutor (1972), Herbert Ross
Sonhos de um Sedutor (Play it Again, Sam, EUA, 1972). Direção: Herbert Ross. Rot. Adaptado:
Woody Allen, baseado em peça homônima de sua autoria. Fotografia:
Owen Roizman. Música: Bill Goldenberg. Montagem: Marion Rothman. Dir. de arte:
Ed Wittstein. Com: Woody Allen, Diane Keaton, Tony Roberts, Jerry Lacy, Susan
Aspach, Jeniffer Salt, Joey Bang, Viva.
Allan
Felix (Allen) é um crítico de cinema subitamente em crise após ser abandonado
pela esposa, Nancy (Aspach). O casal de amigos Dik (Roberts) e Linda Christhie
(Keaton) o ajudará a encontrar um novo amor, assim como a inspiração extra-terrena
de um especialista no assunto, Humphrey Bogart (Lacy). Depois de várias
tentativas frustradas e saídas ocasionais, e com uma maior proximidade entre
Allan e Linda, enquanto o marido Dik cada vez mais se distancia da mulher e
investe no trabalho, eles vivenciam uma situação amorosa. Porém o novo
amor é posto à prova quando Linda e Allan se deparam com um casamento de anos e
com a traição ao melhor amigo respectivamente e Linda decide ficar
com o marido e abandonar o amante.
Curiosamente
mesmo não dirigido pelo cineasta, trata-se do primeiro filme com Allen a
abordar o universo urbano de seu alter-ego neurótico de classe média e sua
conturbada vida afetiva, apresentando muitas das situações que antecipariam
filmes posteriores como Noivo Neurótico, Noiva Nervosa (1977), filme de ruptura na carreira do cineasta, onde
retrabalharia o tema de modo mais sofisticado, tanto em termos dramatúrgicos
quanto no aspecto visual. Os personagens de Keaton e Roberts já são um
protótipo para filmes posteriores: ela como uma mulher charmosa, sensível e
excêntrica; ele, como o melhor amigo do alter-ego de Allen e representando uma
espécie de seu oposto, em termos de segurança financeira e afetiva. Da mesma
forma aqui inicia-se, ainda que de uma forma canhestra por ser tão explícita, a
relação entre sonho e realidade, cinema e vida, que também seria um tema
recorrente na carreira do cineasta, que o próprio Allen trabalharia de modo bem mais sofisticado
em filmes como Memórias (1980)
e Desconstruindo Harry (1997). Alguns poucos momentos são realmente divertidos como o
nervosismo de Allan ao encontrar uma pretendente, enquanto as inserções de um
sósia de Bogart, vestido à caráter como seu personagem em Casablanca geralmente soam desnecessárias e sem um ritmo apropriado
de engajamento na narrativa. Adaptado de uma peça que Allen dirigira,
quatro anos antes. Foi o seu primeiro trabalho com Diane Keaton, que seria sua
parceira ao longo da década. Esse, entre todos os trabalhos que foi somente
ator, é o mais próximo de seu próprio
universo. Uma tentativa semelhante, realizada por Paul Mazursky, outro cineasta
americano também próximo do gênero cômico, Cenas
de um Shopping (1991), foi desastrosa e maçante. APJAC
Productions/Paramount Pictures. 85 minutos.
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