Filme do Dia: Ensaio de Orquestra (1978), Federico Fellini
Ensaio de Orquestra (Prova
d'orchestra, Itália/Alemanha, 1979). Direção: Federico Fellini. Rot.
Original: Federico Fellini & Brunello Rondi, baseado em argumento de
Fellini. Fotografia: Guisseppe Rottunno. Música: Nino Rota. Montagem: Ruggero
Mastroianni. Dir. de arte: Dante Ferretti. Figurinos:
Gabriella Pescucci. Com: Balduin Baas, Clara Colosimo, Elizabeth Labi, Umberto
Zuanelli, Ronaldo Baracchi, Ferdinando Villella, Giovanni Javarone, David
Maunsell, Andy Miller, Sibyl Mostert, Franco Mazzieri, Daniele Pagani, Cesare
Martignon, Claudio Ciocci
Orquestra
italiana recebe uma visita da televisão e, diante das câmeras, ocorrem desde
depoimentos dos músicos defendendo seus instrumentos até uma tensão dos mesmos
com um maestro (Bass), que não consegue impor sua autoridade. Entusiasmados com
os direitos cada vez maiores e a vigilância atenta dos sindicatos, os músicos
acabam se revoltando e realizando um verdadeiro motim contra o maestro, que
assiste tudo passivamente. Enquanto uma facção procura impor um metrônomo
gigante para substituir o regente outra, mais radical, prefere que os próprios
músicos é que passem a se auto-reger e compor. Ao final, após os alicerces do
prédio em que ensaiam se verem constantemente comprometidos, uma demolição
parcial provoca uma reviravolta e tristeza por ter vitimado a harpista e o maestro, podendo agora exercer livremente seu autoritarismo, volta a comandar
a orquestra.
Esse
que é o melhor dos filmes dos últimos dez anos da carreira do cineasta, realiza
uma irônica e bem-humorada investida em que não escapam nem os ideais
libertários do Maio de 68 associados a um estupefaciente protecionismo social,
nem a sua contrapartida, o fascismo autoritário da imagem final do regente (por
sinal semelhante a Wagner, e falando em alemão.) Alguns dos melhores momentos
se devem a caracterização propositalmente caricata dos atores, sempre olhando
diretamente para a câmera (fictício interventor televisivo) como a pianista de
riso prolongado, a harpista que transfere todo o sentido de uma vida solitária
para o seu instrumento, o trompetista que havia arrancado elogios de Toscanini e
o servil copista que não deixa de exclamar sua insatisfação pelos novos
costumes, desregrados e sem a polidez de antigamente. Com hilariantes diálogos
e uma magistral trilha musica de Rota (em sua última parceria com Fellini, com
quem colaborou em mais de dez filmes) o filme se sustenta sem que seja
necessário sair dos limites da sala de concerto e do camarim do maestro.
RAI/Daimo Cinematografica/Albatros produktion. 70 minutos.
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