A Família de Saltimbancos, 1904/5

Do final de 1904 até o início de 1906, a obra de Picasso centrou-se num único tema: o saltimbanco ou artista itinerante de circo. O tema do circo e do artista circense possui longa tradição na arte e na literatura, e tornou-se especialmente destacado na arte francesa do final do século XIX. Uma inspiração mais imediata para Picasso veio dos artistas do Circo Médrano,  ao qual o artista foi com freqüência, próximo de sua residência e de seu ateliê em Montmartre.

Os artistas de circo eram considerados como à margem da sociedade, pobres mas independentes. Enquanto tais, proporcionavam um eficaz símbolo sobre a alienação  de artistas de vanguarda como o próprio Picasso. Entretanto, foi sugerido que A Família de Saltimbancos serve como um comentário autobiográfico, uma forma secreta de Picasso retratar a si e seu círculo.

Picasso voltou a trabalhar A Família de Saltimbancos diversas vezes, acrescentando figuras e alterando a composição. As figuras ocupam uma paisagem desolada e apesar de Picasso as tê-las postas juntas numa composição cuidadosamente balanceada, cada figura é psicologicamente isolada das outras, e do observador do quadro. Em sua fase rosa ou circense, Picasso se distanciou do pathos extremado de sua anterior fase azul, mas em A Família de Saltimbancos, sua obra prima da fase circense, uma atmosfera de introspecção e soturna contemplação prevalece.
Texto: National Gallery of Art. Nova York: Thames & Hudson, 2005, p. 254.

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