Miles Davis - Guinnevere - The Complete Bitches Brew Sesssions, 1970



Também conseguimos um take deslumbrante de "Guinevere", que é foda de cantar. Anos depois, foi a erva do gato para Miles Davis. Ele trabalhava em Bitches Brew na época e encontrou com [David] Crosby no Village. "Ei David", disse, "gravei uma canção de vocês, 'Guinevere'. Quer escutar?", perguntou Miles, abraçado uma loura alta  de longas pernas  com quem desejava trepar. Então foram os três ao apartamento escutar "Guinevere". Miles pôs a canção, uma versão de vinte minutos que se diluía numa míriade de direções cósmicas e foi para a cama com a loura, deixando David escuta-la enquanto fumava. Meia-hora depois Miles apareceu do rendez-vous em seu quarto. "O que você acha, Dave?" Crosby lhe soltou uma de suas penetrantes observações características: "Bem Miles, você pode usar a canção, mas retire o meu nome dela."  Miles ficou abatido. "Você não gostou?" "Não cara, não gostei nenhum pouco".

Cerca de dez anos após, eu estava  num evento pós-Grammy no Mr.Chow, em Los Angeles e vi Miles chegando com Cicely Tyson. Ele chamou minha atenção acenando insistentemente para mim. Eu olhei por cima de meu ombro e pensei que certamente estava acenando para qualquer outra pessoa. "Não, não, é você, venha cá", insistiu. Quando cheguei ao alcance de sua voz, ele inclinou-se e me indagou com sua voz baixa e grave: "Crosby ainda está puto comigo?"
"Você fala a respeito de 'Guinevere'?", perguntei.
"Isso", ele confirmou. "Ele ainda está puto?"
"Não creio, Miles. Ou ele estava alto demais ou não estava no momento certo para escutar sua versão. Provavelmente esperava que os acordes fossem os mesmos, mas não creio que ele tenha ficado nenhum pouco puto."
Miles ponderou com sua intensidade socrática. "Ok. Dê um oi a David. E lhe diga que espero que ele ainda não esteja puto."
(Graham Nash, Wild Tales, pp. 152-3)

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