Filme do Dia: Titanic (1997), James Cameron
Titanic ( EUA, 1997) Direção: James Cameron. Rot.Original: James Cameron.
Fotografia: Russell Carpenter.
Música: James Horner. Montagem: Conrad Buff IV, James Cameron &
Richard A. Harris. Com: Leonardo di
Caprio, Kate Winslet, Bill Paxton, Gloria Stuart, Jonathan Hyde, Frances Fisher,
David Warner.
Uma
equipe de mergulhadores se aventura no fundo do mar procurando explorar os
destroços do Titanic. O objetivo principal é encontrar um colar de diamantes
avaliado em milhões. Ao saber da notícia, Rose DeWitt Bukater (Stuart), uma das
últimas sobreviventes do naufrágio avisa que tem informações importantes a
revelar e chega de helicóptero, escoltada por sua neta. Rose inicia sua
história. Jack Dawson (di Caprio), consegue de última hora embarcar com o amigo
Fabrizio, graças a vitória em um jogo de cartas, com pretensão de “fazer a
América”. Ao mesmo tempo, a refinada e entediada Rose (Winslet) embarca com sua
mãe Ruth (Fisher). Embora circulem no meio aristocrático com grande
desenvoltura, sua situação finançeira não é das melhores, sendo que o futuro
casamento com o milionário Cal Hockley (Zane), a esperança de melhores dias.
Profundamente entediada com a pompa e “falta de vida” em que se vê rodeada por
todos os lados, Rose acaba tentando o suicídio, sendo demovida de última hora
por Dawson. Uma atração se inicia entre ambos, que apenas aumenta quando Rose
conhece os desenhos de Dawson e desce com este até a segunda classe do navio,
onde também demonstra saber como participar do festivo ambiente que reúne a
maioria das pessoas em situação quase indigente. Para Rose, no entanto, eles
certamente possuem mais vida que os aristocratas de seu meio. Enviando um
espião para seguí-la, Hockley descobre seu crescente envolvimento com Dawson,
fazendo uma cena de ciúmes. Certo dia, porém, após ter dessistido de Dawson por
pressões de sua mãe e Hockley, Rose decide que deve levar em frente a aventura,
encontrando-se com Dawson, que a desenha nua com o diamante presenteado por
Hockley, fugindo dos homens contratados por Hockley e finalmente vivendo sua
primeira e última noite de amor com Dawson em um carro no porão do navio.
Quando ainda se divertem na brincadeira de gato-e-rato acabam por surpreender o
momento da colisão do navio com um iceberg. Ao mesmo tempo, Hockley acusa
Dawson de lhe ter roubado o diamante. Rose, após embarcar em um bote
salva-vidas de última hora, desiste e volta para ficar junto de Dawson.
Este acaba sendo algemado em um dos compartimentos inferiores do navio. Rose,
desesperada, busca de toda forma libertá-lo, enquanto o nível da água já se
torna crítico. Juntos, vivem momentos de terror, quando o navio se parte em
dois e eles boiam na água, onde Dawson morre congelado. Rose, já quase
inconsciente, consegue ser salva. Após contar a história e jogar o diamante de
volta ao mar, Rose morre, não sem antes sonhar reencontrando-se com Dawson,
tendo todos os passageiros e tripulantes do navio como público.
Um dos filmes mais caros e de maior bilheteria da
história do cinema, Titanic consegue ir um pouco além da receita habitual dos
filmes-catastrófe, que tiveram seu boom na Hollywood dos anos 70, unindo a ela
uma banal história de amor no estilo Romeu-e-Julieta e uma boa dose de
suspense. Porém o impressionante mesmo fica na metade final do filme, onde com
efeitos de última geração, é reconstituída
a destruição do navio no melhor estilo Cecil B. DeMille adaptado para os
anos 90. Quanto ao realismo que contribui para uma espetacularização da morte (
e do próprio filme) como poucas vezes se viu no cinema só o tempo dirá seus
efeitos (sem intenção de trocadilho) - em Os
Dez Mandamentos (1956) de DeMille certamente já soam grandemente datados
- o que não se pode dizer da narrativa,
datada já de hoje como não indo muito além do melodrama básico. Ainda que
os pequenos truques dramáticos nada
originais possam garantir o interesse da longa duração do filme - talvez uma de
suas virtudes, foi a de um ritmo mais compassado que a maioria das produções do
gênero, sem chegar a ser cansativo - e até certos momentos belos em termos
dramatúrgicos, como quando Rose (na melhor atuação do filme na pele da veterana
dos filmes de John Ford, Gloria Stuart) acaba de contar sua história e segue-se
um fade-out que também deveria ter correspondido ao final do filme - porém que,
no final das contas, acabam apenas reafirmando que profissionalismo e bom
acabamento tecnológico nunca vão além do razoável entretenimento efêmero. A
personagem de Rose, calcada no que tudo que uma jovem mulher moderna gostaria
de pensar ou agir, assim como o sex-appeal e o carisma do não mais que mediano
di Caprio (que por sinal, está melhor no mal-sucedido nas bilheterias Eclipse de uma Paixão) foram feitos sob
medida para a empatia do público feminino. O rídiculo e dispensável happy-end
do sonho de Rose chega a ser risível, assim como seu maquiavélico impulso de
jogar o diamante de volta ao mar, ao invés de legá-lo a sua neta. Cameron, o
que é muito pouco usual em produções do gênero, também foi o responsável pelo
roteiro e co-responsável pela montagem. Fox/Paramount. 195 minutos.
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