Postagens

Filme do Dia: Imitação da Vida (1958), Douglas Sirk

Imitação da Vida ( Imitation of Life , EUA, 1959) Direção: Douglas Sirk. Rot.Adaptado: Eleanore Griffin & Fannie Hurst baseado no romance de Allan Scott. Fotografia: Russell Metty. Música: Henry Mancini (não creditada)  & Frank Skinner. Montagem: Milton Carruth. Com: Lana Turner, John Gavin, Sandra Dee, Robert Alda, Susan Kohner, Dan O'Herlihy, Juanita Moore, Terry Burnham, Karen Dicker, Ann Robinson, Billy House, Mahalia Jackson.                 1949. Lora Meredith (Turner) se encontra na praia de Coney Island, quando perde de vista sua filha, Susie (Burnham). Com a ajuda de um fotográfo (Gavin) ela a encontra sob a guarda de uma senhora negra, Annie Johnson (Moore). Susie brinca com a filha dela, Sara Jane (Dicker). Após hesitar, já que se encontra desempregada e em dificuldade finançeira, Lora acaba convidando Annie e sua filha para passarem uma noite em seu apartamento. Quando lá se encontram, Lora recebe um convite para fazer um comercial e, animada, acaba concorda
Imagem
Imagem
Imagem

Paixão da Igualdade, Paixão da Liberdade: A Amizade em Montaigne, Sérgio Cardoso

O belíssimo capítulo final dos Ensaios  (...), manifesta mais nitidamente aqui que qualquer outro o sentido e o alcance dessa "inconstância": "Quem se lembra - diz - de ter sido tantas e tantas vezes enganado por seu próprio juízo, não seria um tolo se não desconfiasse dele para sempre? Quando me convenço pelos argumentos de outro de que minha opinião é falsa, não aprendo tanto o que ele me diz de novo e esta particular ignorância - seria uma aquisição bem pequena - mas aprendo minha fragilidade  e a traição do meu entendimento, do que tiro a necessidade da reconsideração de tudo (...). Saber que se disse ou se fez uma tolice não é nada, é preciso aprender que somos tolos, pois esse ensinamento é bem mais amplo e importante. (...) Montaigne opõe, portanto, a esta suficiência e arrogância a penúria e fragilidade de seu espírito errante, que vaga e extravaga, interroga e se ensaia, experimenta e fantasia. "Sem se prender a nada", como o de Perseu. Nenhum ponto
Mas compreendam-me bem! Entendo por tradição a grande tradição, a história dos estilos. Para amar essa tradição é preciso um grande amor pela vida. A burguesia não ama a vida: ela é proprietária dela. É isso que lhe confere seu cinismo, sua vulgaridade, sua falta de respeito real por uma tradição que ela concebe como tradição dos privilégios e brasões. (...) Às vezes, passeando em Roma, defronto com obras de demolição. Vejo velhas casas serem destruídas, velhos jardins aplainados, para, em seu lugar, se construírem horríveis prédios neocapitalistas.  Pois bem, os promotores da especulação imobiliária em Roma (...) se dizem cristãos e tradicionalistas (...) e assistem sem franzir minimamente a testa aos horríveis danos causados por suas escavadoras. Eu, que sou um subversivo, um inimigo da tradição, segundo eles, quando me encontro, não digo em frente a um monumento célebre, ou a uma bela praça, mas em frente a um velho muro que traz na sua humilde textura, nos poros de seus adornos car
O desejo ansioso e conformista de serem sexualmente liberados transformou os jovens em pobres erotomaníacos neuróticos, eternamente insatisfeitos (precisamente porque sua liberdade sexual não foi conquistada, mas oferecida) e portanto infelizes. (Pier Paolo Pasolini)
A paixão, que tinha assumido a forma de um imenso amor pela literatura e pela vida, se despojou gradualmente do amor pela literatura e se tornou aquilo que ela realmente era: uma paixão pela vida, pela realidade que me cerca, realidade física, sexual, objetiva, existencial. Eis o meu primeiro e único grande amor, e o cinema, num certo sentido, me impeliu a voltar a ele e a exprimir apenas ele. O cinema foi, assim, uma explosão do meu amor pela realidade. (Pier Paolo Pasolini)
Enquanto todas as outras linguagens se exprimem através de sistemas de signos "simbólicos", os signos do cinematógrafo não o são; eles são "iconográficos" (ou icônicos), são signos de "vida", se ouso dizê-lo; dito de outra forma, enquanto todos os outros modos de comunicação exprimem a realidade através de "símbolos", o cinema exprime a realidade através da realidade. (Pier Paolo Pasolini)
Disseram-me que tenho três ídolos: Cristo, Marx e Freud. Isso são apenas fórmulas. De fato,  meu único ídolo é a realidade. (Pier Paolo Pasolini)

Fagner - O Astro Vagabundo (1975)

GAL COSTA - SUA ESTUPIDEZ

Gal - Dê Um Rolê

Hermes Aquino - Nuvem Passageira - 1976

Para Um Amor no Recife - Paulinho da Viola - 1971

Arte de Amar, Manuel Bandeira

Arte de Amar Se queres sentir a felicidade de amar, esquece a tua                                                                         alma. A alma é que estraga o amor. Só em Deus ela pode encontrar satisfação. Não noutra alma. As almas são incomunicáveis. Deixa o teu corpo entender-se com outro corpo. Porque os corpos se entendem, mas as almas não. (Manuel Bandeira)

A Realidade e a Imagem, Manuel Bandeira

A Realidade e a Imagem O arranha-céu sobe no ar puro lavado pela chuva E desce refletido na poça de lama do pátio. Entre a realidade e a imagem, no chão seco que as                                                                  separa, Quatro pombas passeiam. (Manuel Bandeira)

Fagner - Canteiros

Quando penso em você Fecho os olhos de saudade Tenho tido muita coisa Menos a felicidade Correm os meus dedos longos Em versos tristes que invento Nem aquilo a que me entrego Já me dá contentamento Pode ser até manhã Sendo claro, feito o dia Mas nada do que me dizem Me faz sentir alegria Eu só queria ter do mato Um gosto de framboesa Pra correr entre os canteiros E esconder minha tristeza E eu ainda sou bem moço pra tanta tristeza E deixemos de coisa, cuidemos da vida Pois senão chega a morte Ou coisa parecida E nos arrasta moço Sem ter visto a vida Eu só queria ter do mato Um gosto de framboesa Pra correr entre os canteiros E esconder minha tristeza E eu ainda sou bem moço pra tanta tristeza E deixemos de coisa, cuidemos da vida Pois senão chega a morte Ou coisa parecida E nos arrasta moço Sem ter visto a vida É pau, é pedra, é o fim do caminho É um resto de toco, é um pouco sozinho É um caco de vidro, é a vida, é o sol É a noite, é a morte, é um laço, é o anzol São as águas de març

O Retorno do Filho Pródigo (1667/70), Bartolomé Esteban Murillo

Imagem
O grande talento de Murillo para a pintura dramática se torna aparente nessa monumental descrição da parábola familiar do filho pródigo, uma alegoria do arrependimento e do perdão divino. Com intérpretes e elementos de cena estrategicamente localizados para ressaltar o drama, torna-se reminiscente de uma peça de teatro bem encenada. O artista selecionou os elementos essenciais do clímax da história: o filho penitente sendo bem recebido em casa por seu indulgente pai; as ricas vestimentas e anéis que significam o retorno do filho errante à sua antiga posição na família; e o cevado novilho levado ao abate para o banquete celebratório. Pai e filho, agrupados de forma central, piramidal e excessiva dominam a pintura, enquanto a cor mais destacada é reservada ao criado que traz as novas vestimentas. Murillo pode ter escolhido enfatizar esse aspecto da parábola - simbólico da caridade - por conta da natureza de sua encomenda. O Retorno do Filho Pródigo  foi uma das oito monumentais tela

Filme do Dia: "O Príncipe Estudante" (1927), Ernst Lubitsch

O Príncipe Estudante ( The Student Prince in Old Heildelberg , EUA, 1927). Direção: Ernst Lubitsch. Rot. Adaptado: Marian Ainslee, Ruth Cummings & Hanns Kräly, baseado na peça de Wilhelm Meyer-Förster, Old Heidelberg . Fotografia: John J. Mescall. Música: William Axt & David Mendonza. Montagem: Andrew Barton. Cenografia: Richard Day & Cedric Gibbons. Com: Ramón Novarro, Norma Shearer, Jean Hersholt, Gustav von Seyffertitz, Philippe De Lacy, Edgar Norton, Bobby Mack, Edward Connelly. Príncipe Karl Heinrich (De Lacy) é apresentado ainda criança e assustado às ávidas multidões que querem conhecer seu futuro regente. Sendo mimado e criado afastado do mundo real, quando jovem (Navarro), parte para Heildelberg com seu liberal preceptor, Dr. Friedrich (Hersholt). Lá rapidamente se apaixona por uma moça pobre que trabalha na humilde estalagem na qual fica hospedado, Kathi (Shearer). Porém o amor de ambos é posto à prova quando o pai de Karl, Karl VII (Seyffertitz), faz com que e

Alberto Moravia on Pier Paolo Pasolini

Crosby, Stills & Nash - Lady Of The Island

EU SEI O QUE É SER FELIZ NA VIDA - E A DÁDIVA DA EXISTÊNCIA, o gosto da hora que passa e das coisas que estão em torno, ainda que imóveis, a dádiva de amá-las, as coisas, fumando, e uma mulher dentro delas. Conheço a alegria de uma tarde de verão, lendo um livro de aventuras canibalescas, seminu em uma chaise longue , na frente de uma casa de colina com vista para o mar. E muitas outras alegrias juntas: de estar num jardim à espreita e escutar o vento que mal move as folhas (as mais altas) de um árvore; ou sentir trincar e desmoronar num areal a infinita existência da areia; ou, num mundo povoado de galos, despertar antes da alvorada e nadar sozinho em toda a água do mundo, à beira de uma praia rosada. E não sei o que se passa em meu rosto nessas minhas felicidades, quando sinto que se está tão bem na vida: não sei se uma doçura sonolenta ou quem sabe um sorriso. Mas quanto desejo de ter as coisas! Não somente o mar ou somente o sol e não somente uma mulher e o coração dela sob os lábi
“Eles juntaram algumas estatísticas e encontraram essa regra, que ‘aqueles que falam da mesma forma consomem da mesma forma’, portanto todo mundo que fala da mesma  forma se vestirá da mesma forma, se deslocará em carros semelhantes e por aí vai (...) Soube que um homem chorou por isso, aquele que disse que isso significava o fim da humanidade e que se os trabalhadores não erguessem de volta suas bandeiras vermelhas, então nada poderia ser feito (...) porque eles são os únicos que podem dar alguma alma às coisas.” (Fala do corvo em Gaviões e Passarinhos , de Pasolini, que acabou sendo excluída da versão final do filme)
Chemin De Fer Alone on the railroad track I walked with pounding heart. The ties were too close together or maybe too far apart. The scenery was impoverished: scrub-pine and oak; beyond its mingled gray-green foliage I saw the little pond where the dirty old hermit lives, lie like an old tear holding onto its injuries lucidly year after year. The hermit shot off his shot-gun and the tree by his cabin shook. Over the pond went a ripple The pet hen went chook-chook. "Love should be put into action!" screamed the old hermit. Across the pond an echo tried and tried to confirm it.  Elizabeth Bishop

Meu Caro Diário 18/04/2004

 Dia bonito, como tem sido os últimos. Amanheci com uma vontade de entrar num clima de imersão da leitura das cartas de Oiticica e Lygia Clarke no Parque Villa-Lobos, mas tive que desistir da idéia por conta de uma necessidade mais urgente que era a de comprar água mineral para preparar a vitamina – a água daqui, mesmo filtrada e tendo já passado por um filtro de parede estava provocando conseqüências diarréicas em Josué e em mim antes dele comprar o primeiro garrafão umas duas semanas atrás. Então acabei indo até a Praça do Por do Sol e lá li um pouquinho do livro, sem deixar de me sentir um pouco tenso e esnobe. Comprei então a Folha de São Paulo e quando me dirigia para o super-mercado observei homens efetivando serviços como empilhar algo para guardar em um carro ou, mais adiante, passar um rolo com tinta azul no chão de uma calçada, diante de uma escola infantil, que me fizeram admirá-los enquanto expressão de fé na organização de algo que luta contra o inevitável processo do tem

Cineclube do Mamam: Prospero's Books

O Museu de Arte Moderna Aloísio Magalhães convida a todos para a retomada do projeto CineMAMAM, que vem com o intuito de agregar arte contemporânea e cinema dentro do museu, possibilitando novos e maiores debates com outras expressões artísticas e buscando novos meios de estabelecer relações entre o museu e as pessoas através da arte. Nesta primeira edição exibiremos o filme “Prospero’s Book”, de Peter Greenaway, uma adaptação da obra “A Tempestade” de William Shakespeare. Na trama, Próspero vive numa ilha  com sua filha Miranda, após ter sido banido pelo Rei de Nápoles. Mas o destino faz com que seus inimigos venham a sua ilha, dando início a um romance proibido e a uma série de conspirações e vinganças. Repleto de referências às artes plásticas, ao teatro, à literatura e às mídias digitais, onde as imagens parecem retratar quadros vivos, onde a fotografia, a cenografia e a própria atuação performática dos atores estabelece uma ligação lírica e ao mesmo tempo direta com o texto d

Filme do Dia: A Alegria (2011), de Marina Meliande & Felipe Bragança

Imagem
A Alegria (Brasil, 2010). Direção: Marina Meliande & Felipe Bragança. Rot. Original: Felipe Bragança. Fotografia: Andrea Capella. Música: Mary Fê. Montagem: Marina Meliande. Dir. de arte: Gustavo Bragança. Com: Tainá Medina, Clara Barbieri, Flora Dias, Bernardo Barcelos, Junior Moura, Maria Gladys. Luíza (Medina) é uma adolescente designada para cuidar do primo João que recebeu um tiro no pé em um sítio Queimados, na Baixada Fluminense. A mãe de Luíza vai se juntar a mãe (Gladys) de João, que tem certeza que o filho ainda se encontra vivo. Enquanto isso, Luíza vivencia o momento de descoberta do amor, encontrando um namorado na escola e vivenciando aventuras com dois outros colegas de escola, sonhando um dia ocupar a cidade. Mesmo que a intenção manifestada com o filme por seus realizadores afirme uma luta contra a nostalgia e um desejo de potência de afirmação vital, o seu produto final se encontrará, de certo modo, demasiado imbricado em contradições que se encontram lon

Lady Gaga ft yoko ono - It's Been Very Hard

Georges Bizet - Symphony No. 1 in C major - II. Adagio

Na trilha de "La Grande Bellezza"

Luigi Tenco Serenella

Filme do Dia: "We Live in Two Worlds" (1937), Alberto Cavalcanti

We Live in Two Worlds (Reino Unido/Suiça, 1937). Direção: Alberto Cavalcanti. Rot. Original: J. B. Priestley. O próprio Priestley narra esse curta documental que parte do princípio de que vivemos em dois mundos. O das comunidades nacionais, aparentemente destituídos de conflitos, e o da comunidade internacional. A partir daí inexplicavelmente parte para a Suíça enquanto exemplificação desse mundo internacional. Priestley surge em dois momentos, e sua segunda aparição igualmente demarca a divisão entre uma primeira parte, centrada sobretudo na dimensão mais folclórica, tradicional e rural suíça e uma segunda que apresenta o progresso econômico representado por indústrias, mas sobretudo pelos meios de transporte e comunicação. Num momento em que a tensão bélica já desponta no horizonte europeu, seu idealismo, ao acreditar que as comunicações aproximam o que as fronteiras físicas demarcam e afastam, soa um tanto simplista. Talvez mais compreensível seja a verdadeira apologia que é feit

Pont Neuf, Paris (1872)

Imagem
Embora seus retratos sejam mais conhecidos, as paisagens de Renoir ressoam com um vigor e frescor centrais para o desenvolvimento do impressionismo, mais notável aqui em sua transcrição dos efeitos da luz solar. O sol do meio-dia permeia o panorama, sua intensidade ressaltando a paleta do artista e suprimindo detalhes incidentais para iluminar a cena da multidão. Edmond Renoir, o irmão mais jovem e um jornalista iniciante em 1872, posteriormente recordou sobre o início dessa pintura numa entrevista. Renoir conseguiu a permissão para ocupar o andar superior de um café por um dia para descrever a vista da famosa ponte. Edmond de quando em quando descia a rua para deter alguns transeuntes o tempo suficiente para que o artista recordasse suas aparências. Renoir inclusive observou a presença de Edmond, caminhando com uma bengala na mão e um chapéu de palha na cabeça, em dois lugares. Se, como Edmond indicou, Pont Neuf, Paris , foi pintado durante um único dia, foi certamente precedido

Belle And Sebastian -The Chalet Lines

He raped me in the chalet lines The girl I shared with was away for the night I couldn't get up for my shift today I'll have to leave the camp now anyway I'll go to London, there's a mate of mine  I know she'll give me a place Full of woe and further to go He raped me in the chalet lines I had just said no for the final time Although it's last month, it's like yesterday I missed my time, I don't think I could stand To take the test, I'm feeling sick Fuck this, I've felt like this for a week I put a knife right into his eyes My friend can't see She asks me why I don't tell the law Oh, what's the fucking point at all? He raped me in the chalet lines It was a party, it was going fine With the boys from the amusement park A few were idiots, it was a really good laugh They had the shows until way after dark I hope she'll give me a place Full of woe and further to go She caught the bus "Oh, I'll go anywhere" She caught
http://catracalivre.com.br/geral/cidadania/indicacao/serie-fotografica-mostra-que-existe-amor-e-sexo-na-velhice/

Um dia na rampa (Luiz Paulino dos Santos, 1957)

Imagem

Filme do Dia: A Diary for Timothy (1945), de Humphrey Jennings

A Diary for Timothy (Reino Unido, 1945). Direção: Humphrey Jennings. Rot. Original: E.M. Forster. Fotografia: Fred Gamage. Música: Richard Addinsell. Até mesmo em um gênero tão insípido como o do filme de propaganda os britânicos tentaram aplicar uma coloração humanista mais do que de apenas explícita propaganda. Jennings e sua equipe o fizeram através do recurso de apresentar fatos, dados e expectativas sobre o futuro a partir do prisma de um diário visual para o infante Timothy, nascido em setembro de 1944. A música atenua parcialmente a postura empertigada e pomposa, algo ainda mais ressaltada por se lidar com “atores naturais”, ao contrário do naturalismo que se extraiu de postura semelhante nos filmes neo-realistas contemporâneos. Como a maior parte dos documentários britânicos de guerra se evita o melodrama, embora certos momentos sejam de evidente manipulação emocional, como o do canto natalino sobre a imagem em close do pequeno e inocente bebê, alheio a todas as vitórias e v

Matou a análise e foi ao cinema...

...e assistiu um dos filmes mais- senão o mais - interessantes de 2013: La Grande Bellezza.

Sobre a paixão

Foucault:  De uma maneira mais precisa, penso que se fala da mesma coisa. Em primeiro lugar, não se pode dizer que estas mulheres se amam. Não se pode dizer também, em Maria Malibran, que haja amor. O que é a paixão? É um estado, é algo que te toma de assalto, que se apodera de você, que te agarra pelos ombros, que não conhece pausa, que não tem origem. Na verdade, não se sabe de onde vem. A paixão simplesmente vem. É um estado sempre móvel, mas que não vai em direção a um ponto dado. Há momentos fortes e momentos fracos, momentos em que é levada à incandescência. Ela flutua. Ela balanceia. É uma espécie de instante instável que se persegue por razões obscuras, talvez por inércia. Ela procura, ao limite, manter-se e desaparecer. A paixão se dá todas as condições para continuar e, ao mesmo tempo, para se destruir a si própria. Na paixão, não se é cega. Simplesmente, nestas situações de paixão não se é quem se é. Não tem mais sentido de ser quem se é. Vê-se as coisas muito diferentement
Imagem
Imagem

The Shipwreck, 1772

Imagem
Claude-Joseph Vernet was one of the most famous marine painters in eighteenth century Europe. In 1734 he traveled to Italy where he soon established his reputation. He sketched in an around Rome and along the Mediterranean coast, capturing scenes that provided the basic repertoire of his art for the rest of his career. His paitings were much sought after by Roman collectors and international community of French diplomats and wealthy travellers, especially the British making their Grand Tour. For these patrons, Vernet painted views of Rome and Naples, and imaginary landscapes and coastal scenes that evoke, rather than describe, an idyllic Italian countryside and coastline. The Shipwreck epitomize the type of subject for which Vernet is best know. Comissioned in november 1771 by Lord Arundell, The Shipwreck  formed a dramatic contrast with its more tranquil pendant Mediterranean Coast by Moonlight (location unknow since about 1955): the first work illustrates "The Sublime" (e

Yoko Ono - Walking On Thin Ice

Filme do Dia: O Sétimo Continente (1989), Michael Haneke

Imagem
O Sétimo Continente ( Der Siebent Kontinent , Áustria, 1989). Direção: Michael Haneke. Rot. Original: Michael Haneke & Johanna Teicht. Fotografia: Anton Peschke. Montagem: Marie Holmolkova. Dir. de arte: Rudolf Czettel. Figurinos: Anna Georgiades. Com: Birgit Doll, Dieter Berner, Leni Tanzer, Udo Samel, Silvia Fenz, Elisabeth Rath, Georg Friedrich, Meat Loaf.          O casal Georg e Anna Schoeber (Berner e Doll) leva uma vida cotidiana banal e repetitiva, juntamente com a pequena filha Evi (Tanzer), embora acabem levando a frente um plano radical. Georg pede para sair do emprego, Anna avisa na escola que Evi não irá em determinado dia. Eles pedem todo o dinheiro que se encontrava no banco, vendem o carro e se trancam em casa, destroem quase todos os bens materiais lá existentes, jogam o dinheiro na latrina e se suicidam.           Muito do que será observado posteriormente, quando de seu reconhecimento internacional, já se encontra presente nessa produção. É o caso da

Meu Caro Diário

21/01/2014 - A vontade de comer mugunzá me fez passar algumas paradas do Rio Doce-CDU lotado da que habitualmente desço. Como compensação, acabei escutando essa pérola do cancioneiro "libertário" dos anos finais da Ditadura Militar.

Serge Gainsbourg & Anna Karina - Ne dis rien

Pérola do kitsch auto-consciente!
http://www.publico.pt/cultura/noticia/morreu-claudia-abbado-1620348#/0

The Old Bridge, c. 1775

Imagem
Hubert Robert, know as "Robert of the Ruins" spent eleven years as a student in Rome from 1754 until 1765. During his soujorn he studied at the French Academy, but dedicated most of his energy to sketching the Eternal City and the Roman campgana . He reworked the ideas recorded to his sketchbooks, in drawings, and paintings throughout his career. In the Old Bridge , Robert used an ancient monument as the basis for his modern composition. The Ponte Salario, which was built in the sixth century, is show from below. The arch of the bridge, illuminated by a soft pink glow, separates foreground from background space. Through the bridge we see the Roman countryside in the distance. The crumbling pier on the far left has been converted into a contemporary barn. Robert has combined the grandeur of ancient Rome with the anecdotal. For example, the young man on the right bank admires the washerwoman opposite, while the old woman on the pier entices her cat to return. Robert, by

Cantiga de Enganar

 O mundo não vale o mundo, meu bem. Eu plantei um pé-de-sono,  brotaram vinte roseiras.  Se me cortei nelas todas e se todas me tingiram de um vago sangue jorrado ao capricho dos espinhos, não foi culpa de ninguém. O mundo, meu bem, não vale a pena,  e a face serena vale a face torturada. Há muito aprendi a rir, de quê? de mim? ou de nada? O mundo, valer não vale. Tal como sombra no vale,  a vida baixa... e se sobe algum som deste declive, não é grito de pastor convocando seu rebanho. Não é flauta,  não é canto de amoroso desencanto.  Não é suspiro de grilo, voz noturna de correntes,  não é mãe chamando filho, não é silvo de serpentes esquecidas de morder como abstratas ao luar. Não é choro de criança para um homem se formar. Tampouco a respiração de soldados e de enfermos,  de meninos internados  ou de freiras em clausura. Não são grupos submergidos  nas geleiras do ent
Imagem
h

Serge Gainsbourg & Brigitte Bardot - Bonnie And Clyde (1968)

Filme do Dia: O Fim de São Petersburgo (1927), de Vsevolod Pudovkin

O Fim de São Petersburgo ( Konets Sankt-Peterburga , URSS, 1927). Direção: Vsevolod Pudovkin & Mikahil Doller. Rot. Original: Nathan Zarkhi. Fotografia: Anatoli Golovnya. Música: Vladimir Lurovski. Montagem: Aleksandr Dovjenko. Dir. de arte: Sergei Kozlovsky. Com: Vera Baranovskaya, Aleksandr Chistyakov, Viktor Tsoppi, V. Obolensky, Sergei Komarov, Ivan Chuvelyov, Aleksandr Gromov. Camponês (Tsoppi) vai tentar conseguir trabalho na cidade grande de São Petersburgo, buscando abrigo nos apartamentos onde moram pessoas de sua província, porém chega num momento conturbado em que seu amigo (Chistyakov) lidera o movimento grevista. Determinado a trabalhar de qualquer maneira, o camponês acaba ingenuamente delatando seus conhecidos e ganhando um passe livre para trabalhar na indústria de Lebedev (Obolensky). Porém, quando percebe a decepção da esposa do amigo (Baranovskaya) acaba compreendendo a atitude que fizera e agredindo os diretores da indústria, sendo preso e torturado. Com a I

Andrei Tarkovsky - The Sacrifice - Offret - J.S. Bach - Matthew Passi...

O presente do passado é a memória.  Santo Agostinho

morte + sublime

ele disse

adesso mi chiedi , se adesso sono felice?

In tribute to my lovely friend Dan: Jackson C. Frank - Milk And Honey

Chris Barber's JB Ottilie Patterson 1955 Careless love

Cesaria Evora - Sodade

Imagem

Meu Caro Diário

23/05/2004 – O sol apareceu novamente. Estou melhor da gripe. Ana ligou. O trabalho do Henri está fluindo. Estou apaixonado. Enfim, algumas vibrações positivas enchem o ar e quero respirar cada segundo delas.

Filme do Dia: Alfa Tau! (1942), Francesco De Robertis

Alfa Tau! (Itália, 1942). Direção e Rot. Original: Francesco De Robertis, a partir de seu argumento. Fotografia: Giuseppe Caracciolo. Música: Edgardo Carducci. Montagem: Francesco De Robertis. Com: Giuseppe Addobbati, Marina Chierici, Liana Persi, Lilla Pilucolio. Membros da marinha italiana são liberados para um final de semana de descanso até a próxima missão no submarino que trabalham. O comandante do submarino acaba se envolvendo com uma mulher, Lidia, a quem se despede na estação ferroviária para voltar a assumir suas obrigações. É evidente a influência do cinema de montagem soviético no ritmo alucinante dos planos ainda que, quando comparado com La Nave Bianca , de Rossellini e do próprio De Robertis, tal influência pareça ainda mais convencional e menos expressiva. Também atuando com atores amadores e locações reais (De Robertis, mais maduro, é considerado como mentor de Rossellini ), assim como uma narrativa que não privilegia exatamente um personagem principal, mas antes

Personagem

Teu nome é quase indiferente  e nem teu rosto mais me inquieta.  A arte de amar é exactamente  a de se ser poeta . Para pensar em ti, me basta  o próprio amor que por ti sinto: és a ideia, serena e casta,  nutrida do enigma do instinto.  O lugar da tua presença  é um deserto, entre variedades:  mas nesse deserto é que pensa  o olhar de todas as saudades.  Meus sonhos viajam rumos tristes e, no seu profundo universo, tu, sem forma e sem nome, existes, silêncio, obscuro, disperso.  Teu corpo, e teu rosto, e teu nome, teu coração,  tua existência, tudo - o espaço evita e consome:  e eu só conheço a tua ausência.  Eu só conheço o que não vejo. E, nesse abismo do meu sonho,  alheia a todo outro desejo,  me decomponho e recomponho.  (Cecília Meireles)
http://www.gannett-cdn.com/-mm-/c6a9b1ad4a4c051a447d401b38897d4be154f213/c=381-0-4307-2951&r=x513&c=680x510/local/-/media/USATODAY/USATODAY/2014/01/17//1389991647000-458084997.jpg

A Thousand Days for Mokhtar

Mokhtar lived in a room not far from his shop, overlooking the sea. There was a tiny window in the wall above his sleeping-mattress through which, if he stood in a tiptoe, he could see the waves pounding against the rocks of the breakwater far below. The sound came up, too, especially on nights when the Casbah was wrapped in rain and its narrow streets served only for the passage of unexpected gusts of wind. On these nights the sound of the waves was all around, even though he kept the window shut. Throughout the year there were many such nights,and it was precisely at such times that he didn´t feel like going home to be alone in his little room. He had been by himself ten years now, ever since his wife had died; his solitude never weighed on him when the weather was clear and the stars shone in the sky. But a rainy night put him in mind of the happy hours of his life, when in just such nocturnal wind and storm he and his great-eyed bride would pull the heavy blinds shut and live quiet
Imagem
Uma grata surpresa no Rio: o encontro com Luiz Paulino dos Santos, o cineasta do admirável "Um Dia na Rampa"

Descobrindo o jazz britânico via "Momma don't Allow"

 http://www.youtube.com/watch?v=5ZLMQWgXosI "Momma Don't Allow" é um dos curtas que fez parte da primeira programação do movimento que se auto-denominou Free Cinema, no Reino Unido, em 1955. Seu caráter observacional antecipa estratégias que serão posteriormente desenvolvidas de forma mais auto-consciente pelo Cinema Direto norte-americano e canadense nos idos da década seguinte. Esse filme, particularmente, faz uma observação sobre um clube noturno de jazz célebre da época e me fez chamar  a atenção para os músicos (da Chris Barber Band, ainda na ativa mais de meio século após) e para a voz blueseira e possante de Ottilia Patterson, cantora irlandesa recentemente falecida (2011). Escutei várias canções que eles gravaram juntos, com destaque para a bela "Careless Love", standard gravado por vários artistas (Ray Charles, Bessie Smith, Janis Joplin, Lead Belly, Eric Clapton, Joan Baez, etc.)