Filme do Dia: O Fim de São Petersburgo (1927), de Vsevolod Pudovkin
O Fim de São Petersburgo (Konets Sankt-Peterburga, URSS, 1927). Direção: Vsevolod Pudovkin & Mikahil Doller. Rot. Original:
Nathan Zarkhi. Fotografia: Anatoli Golovnya. Música: Vladimir Lurovski.
Montagem: Aleksandr Dovjenko. Dir. de arte: Sergei Kozlovsky. Com: Vera
Baranovskaya, Aleksandr Chistyakov, Viktor Tsoppi, V. Obolensky, Sergei
Komarov, Ivan Chuvelyov, Aleksandr Gromov.
Camponês (Tsoppi)
vai tentar conseguir trabalho na cidade grande de São Petersburgo, buscando
abrigo nos apartamentos onde moram pessoas de sua província, porém chega num
momento conturbado em que seu amigo (Chistyakov) lidera o movimento grevista.
Determinado a trabalhar de qualquer maneira, o camponês acaba ingenuamente
delatando seus conhecidos e ganhando um passe livre para trabalhar na indústria
de Lebedev (Obolensky). Porém, quando percebe a decepção da esposa do amigo
(Baranovskaya) acaba compreendendo a atitude que fizera e agredindo os
diretores da indústria, sendo preso e torturado. Com a I Guerra Mundial
deflagrada, o camponês é alistado involuntariamente. Após combater nas
trincheiras da guerra, acaba se tornando um guerrilheiro que apoiará a tomada
do Palácio de Inverno, e sendo acudido amistosamente pela mulher de seu amigo.
Compõe juntamente
com Mãe (1925) e Tempestade sobre a Ásia, uma trilogia de
filmes que remete a tomada de consciência de personagens socialmente alienados
e se tornou igualmente - sobretudo os dois primeiros - a produção mais
reconhecida de Pudovkin. Dito isso, resta salientar que Pudovkin faz uso de uma
dramaturgia mais convencional que seu contemporêneo e conterrâneo mais célebre,
Eisenstein, procurando maximizar o efeito dramático do conflito político e seu
potencial ideológico subseqüente (esse filme, como Outubro de Eisenstein foi expressamente encomendado pelo governo
soviético para celebrar os dez anos da Revolução de 1917) através da saga de
personagens individualizados. O resultado final acaba soando ainda mais datado,
emocionalmente manipulador e melodramático que os filmes de Eisenstein do
período, sendo que uma poética das imagens pode apenas ser associada ao seu
prólogo, quando apresenta o camponês em seu “habitat natural” com um certo
lirismo assemelhado a produção posterior de Dovjenko, que por sinal realizou a
montagem dessa produção. É interessante como o personagem do camponês é
construído de uma maneira a sua ingenuidade se sobrepor ao individualismo
mesquinho, tornando-o logo uma peça importante no pretenso processo de identificação
com os valores de um Novo Homem a ser instituído pela recém-criada nação
buscado pelo filme. Baronavskaya, célebre atriz do teatro soviético, fora a
protagonista de Mãe. Mezhrabpom. 80
minutos.
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