Filme do Dia: Paraíso Proibido (1950), William Dieterle
Paraíso Proibido (September Affair, EUA, 1950). Direção: William Dieterle. Rot.
Adaptado: Robert Thoren, baseado no conto de Fritz Rotter. Fotografia: Charles
Lang & Victor Milner. Música: Victor Young. Montagem: Warren Low. Dir.
de arte: Franz Bachelin & Hans Dreier. Cenografia: Sam Corner & Grace
Gregory. Figurinos: Edith Head. Com: Joseph Cotten, Joan Fontaine, Françoise
Rosay, Jessica Tandy, Robert Arthur, Jimmy Lydon, Fortunio Bonanova, Grazia
Narciso.
Americana que retorna ao seu país
natal após mais de uma década na Inglaterra e uma breve passagem pela Itália,
como turista, Monina Stuart (Fontaine) apaixona-se, à primeira vista, por David Lawrence (Cotten) , cidadão
americano que viajara à Itália a negócios. O avião em que viajam tem uma pane e
faz um pouso de emergência em Nápoles. Juntos, eles resolvem fazer uma breve
visita à cidade, enquanto a aeronave é reparada. Acabam, no entanto, perdendo o
vôo e decidindo visitar Pompéia e Capri. Mesmo receosa, já que sabe de sua
condição de homem casado, David cede aos impulsos da paixão e a amizade inicial
transforma-se numa relação intensa que se concretiza de vez dias após, ao
saberem, através do jornal, que o avião em que viajavam caiu e eles são tidos
como mortos. A única pessoa que sabe a verdade sobre eles é a professora de
piano de Monina, Maria (Rosay), que
desaprova a atitude de ambos. David
compra uma villa em que passam a
viver o seu amor secreto. Porém, logo o peso da realidade intervém no
relacionamento: sente-se saudoso do
filho e das atividades de engenheiro, já que não pode realizar um projeto
grandioso que planeja, pois o contato americano é um conhecido seu. Da mesma forma, Monina não pode fazer o sonhado
concerto de piano em Nova York, para o qual ela embarcaria à época da viagem. A
situação fica ainda mais tensa, quando a esposa de David, Catherine (Tandy)
resolve ir à Itália, para não só fazer turismo, como averiguar a informação que
o advogado do marido lhe trouxera sobre uma doação em dinheiro de David à Maria, a forma que ele encontrara de
conseguir dinheiro para sobreviver na Itália. Quando ensaia com Maria, Monina é
surpeendida pela chegada de Catherine. O
filho do casal, David Jr. (Arthur) também presente, acaba lhe reconhecendo.
Surpreendentemente Catherine fica tão
feliz, que perdoa o marido e deixa um bilhete para o mesmo. Aos poucos, o casal
vai gradativamente percebendo que sua relação encontra-se condenada. Já que
agora não mais precisam se esconder, Monina vai à Nova York realizar seu
concerto, que é um grande sucesso, enquanto David vai a Washington levar
adiante seu projeto italiano, não sem antes ir em casa e encontrar a esposa e o
filho. Monina decide dessistir de sua
turnê norte-americana e de David e partir para a América do Sul.
Dieterle, cineasta alemão após uma
carreira de sucesso como ator na Alemanha, trabalhando para nomes como Max
Reinhardt e Murnau, teve sua carreira americana prejudicada pela pressão
anti-comunista. Esse período marca o início de seu declínio artístico. Melodrama
típicamente moralista o filme, ainda que não tenha dado crédito, utiliza a
mesma estrutura narrativa do clássico melodrama sueco Intermezzo (1936), que também teve uma versão americana. A
personagem de Maria, consciência moral que antevê o previsível final, é
simplesmente rídicula e grandemente inverossímil é a paixão súbita entre os
dois americanos. Trata-se de mais um filme americano a explorar locações
turísticas italianas como Pompéia (também fotografada no belo Viagem à Itália, de Rossellini, três
anos depois) como foi típico na década de 50, em filmes como Quando o Coração Floresce (1955), de
David Lean e A Fonte dos Desejos
(1954), de Jean Negulesco. Ao contrário dos outros, no entanto, trata-se de uma
produção em p&b e sem a utilização de tela panorâmica, que só surgiria em
1953. Realizado logo após outro filme que Dieterle também dirigiu na Itália, Volcano, produzido à mesma época e
próximo da ilha que Rossellini dirigia seu Stromboli.
Andrew Solt e o célebre roteirista Ben Hecht (conhecido sobretudo por suas
parcerias com Billy Wilder), colaboraram no roteiro, embora seus nomes não
constem nos créditos. Paramount. 104 minutos.

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