Filme do Dia: A Fonte dos Desejos (1954), Jean Negulesco
A Fonte dos Desejos (Three Coins in
the Fountain, EUA, 1954). Direção: Jean Negulesco. Rot. Adaptado: John
Patrick, basedo no romance de John H. Secondari. Fotografia: Milton R. Krasner.
Música: Jule
Styne & Victor Young. Montagem: William Reynolds. Dir. de arte: John De
Cuir & Lyle R. Wheeler. Cenografia: Paul S. Scott & Walter M. Scott.
Figurinos: Dorothy Jeakins. Com: Dorothy McGuire, Clifton Webb, Jean Peters,
Louis Jourdan, Maggie McNamara, Rossano Brazzi, Howard St. John, Cathleen
Nesbitt.
A jovem e casadoira americana Srta.
Frances (McGuire) vai morar na Itália, dividindo o apartamento com outras duas
secretárias, Anita (Peters) e a madura Maria (McNamara). Um dos primeiros
locais que conhece é a célebre Fontana di Trevi, onde joga uma moeda esperando
que o sonho de encontrar seu princípe encantado se realize. Não apenas ela se
sente atraída por um verdadeiro princípe, Dino (Jourdan), como sua amiga Maria resolve aproximar-se do
escritor para quem há anos trabalha, o mordaz
John Frederick Shadwell (Webb) e Anita, indo contra todas as regras da
empresa, do subordinado Giorgio (Brazzi). Porém as três relações ficam
conturbadas quando Dino descobre de todas as artimanhas que Frances realizara
para aproximar-se dele, John Shadwell descobre que é vítima de um câncer letal
e Giorgio é despedido da empresa, por conta de seu envolvimento com Anita. Quando
tudo parecia perdido e as mulheres já preparam o embarque de volta aos EUA,
ocore um encontro providencial com seus pares à margem da fonte.
Os filmes de Negulesco são o protótipo
das produções A americanas da década de 50, tanto em termos de tecnologia
quanto de ideologia. Com uma direção de arte e figurinos impecáveis e
exuberante Technicolor, filmado em Cinemascope (primeiro filme a utilizar a técnica
fora dos EUA), retrata Roma e Veneza como nunca antes vistas na tela. Reproduz
o modelo cartão postal, que agrega romance e estonteantes locações fotográficas
que era o padrão de inúmeras outras produções anglo-saxãs na Itália, na mesma
época, como Quando o Coração Floresce
(1955) de David Lean e Em Roma, na
Primavera (1952), contando, quase sempre, com a presença dos italianos Isa
Miranda e Rossano Brazzi como coadjuvantes. Resta aos italianos o tradicional
clichê de figuras excessivamente emotivas e gregárias. Ideologicamente o filme
também reflete tanto a superioridade da cultura americana no pós-guerra, que
faz com que o restante do mundo não pareça mais que seu quintal de visitas,
como uma relação entre gêneros marcadamente tradicional, com a forte
dependência da mulher, de resolver sua vida após encontrar o homem ideal, tema
que Negulesco já havia retratado pouco antes com seu Como Agarrar um Milionário (1953). Comparando-o com outro cineasta
que que também dirigiu produções A igualmente voltadas para o público feminino,
na mesma época, Douglas Sirk, os filmes de Negulesco são a extrema reprodução
do Sonho Americano, sem as ironias que acompanham as entrelinhas dos de Sirk.
No prólogo, a canção-título na bela voz de Sinatra, acompanha um verdadeiro
“clipe” de cartões postais, apresentando já a essência do que se seguirá.
McGuire, a jovem estrela, segue o modelo de beleza lançado por Audrey Hepburn,
embora não tenha alcançado o sucesso da mesma. O próprio Negulesco dirigiu uma
refilmagem em 1964, agora ambientada na Espanha. 20th Century-Fox. 102 minutos.
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