Filme do Dia: A História Não Contada dos Estados Unidos - A Segunda Guerra Mundial (2012), Oliver Stone

 


AHistória Não Contada dos Estados Unidos – A Segunda Guerra Mundial (The Untold History of United States. Chapter 1: World War Two, EUA, 2012). Direção Oliver Stone. Rot. Original Matt Graham, Peter Kuznick & Oliver Stone. Música Craig Armstrong. Montagem Alex Márquez.

O que já se observa neste primeiro dos dez episódios da série é a relativa pobreza de recursos inversamente proporcional ao interesse de Stone pela história – ele admite, logo ao início, que foi estudioso da disciplina, em uma das poucas imagens que não são de arquivo do episódio. E  surpreende entre as primeiras imagens de arquivo a placidez com que o criador da bomba atômica, Robert Oppenheimer, se deixa capturar por uma câmera, conversando com assessores e adentrando, queira ou não, na imagética do show business. E as imagens da contagem final antes do disparo de uma experiência com uma bomba atômica. Abordando a Guerra Civil Espanhola, Stone observa que nenhuma nação ocidental enviou tropas para apoiar o governo republicano espanhol, mas grandes corporações multinacionais norte-americanas (além de alemãs, o que é mais compreensível) apoiaram Franco com suprimentos. A invasão da China pelo Japão e as atrocidades cometidas pelos japoneses no país são seguidas pela anexação da Áustria pela Alemanha. Stálin tenta um acordo com as potências ocidentais, o que não é feito, dada a sua intenção de entrar com tropas na Polônia, o que Hitler acaba por fazer apenas duas semanas após. Duas semanas depois da invasão alemã, os soviéticos também invadem a Polônia. Após o ataque a Pearl Harbour pelos japoneses, Inglaterra e Estados Unidos entram em guerra contra o Japão, enquanto a Alemanha desnecessariamente declara guerra aos Estados Unidos. Centrando seus esforços ofensivos contra os alemães – sob o lema de que derrotar o Japão não significaria derrotar a Alemanha, mas o contrário sim – os japoneses se viram livres para conquistar um sexto do globo em seis meses. Em muitos destes países, os invasores eram tidos como libertadores do jugo do colonialismo europeu. Situação que se demonstraria efêmera, com a reação aliada na Guerra do Pacífico, e com a falta de alinhamento estratégico entre a Alemanha e o Japão. O Projeto Manhattan, que desenvolveria a bomba atômica, após alguns anos da carta de Einstein para que Roosevelt liberasse o início do programa, reuniu lideranças tão distantes ideologicamente quanto o reacionário militar anti-semita e anti-Roosevelt, Groves e o esquerdista (chegou a doar 10% de seu salário em apoio aos republicanos na Espanha) Oppenheimer, membro de várias organizações comunistas. Em dois anos apenas, e em meio a guerra, segundo o narrador, a União Soviética conseguiu atingir o nível industrial das grandes potências, e com uma indústria evidentemente voltada para os materiais bélicos, produzindo 40 mil tanques de guerra superiores aos Panzer alemães e 50 mil aviões superiores aos Luftwafffe alemães. Em uma única batalha, a mais sangrenta de toda a história, soviéticos perderam mais homens que os Estados Unidos e a Inglaterra juntos durante toda a guerra, cerca de meio milhão.  A superioridade das forças alemãs já haviam ganho o status de mito que, quando começam a sofrer derrotas seguidas na União Soviética, um narrador da época afirma, quase incrédulo, poderem ser também elas combatidas e vencidas. Sua montagem é quase tão acelerada quanto a da série Why We Fight, realizada durante a própria guerra aqui retratada, e de quem o documentário se apossa de umas breves imagens. E não apenas de seus próprios filmes, que eventualmente observamos filmes de ficção em meio às imagens de arquivo (inescapavelmente, mas longe de utilizá-las ao início, de Leni Riefensthal, a abertura de Olympia – Festa das Nações,  quando aborda que o início do fracasso de um promissor Terceiro Reich se dá internamente, quando Hitler decide invadir a União Soviética), como são o caso de A Mulher Faz o Homem, de Capra ou Alexandre Nevski, de Eisenstein. Curiosidades:  Se havia alguma dúvida que Charlie Sheen era o alter-ego de Stone em Platoon, a fala inicial de Stone a desfaz, comentando sobre sua participação na Guerra do Vietnã de forma casada com a imagem do ator. Não há entrevistas, e com exceção da muito bem selecionada narração que confirma a derrota alemã em solo soviético, o monopólio da voz fica com o prório narrador deste documentário, que vem a ser ninguém menos que o próprio Stone. Resta saber, de forma mais objetiva, em quais pontos a história contada por Stone difere da dominante, já que esta produção seria igualmente para que seus filhos tivessem acesso ao que não é contado nas escolas americanas. Passaria pelas imagens das atrocidades nazistas cometidas em solo soviético, sobretudo em Kiev, na Ucrânia, em que se observa inúmeros cadáveres suspensos após enforcamento, e bem pouco visualizadas e reproduzidas pelo imaginário coletivo ocidental? E do próprio papel fundamental da União Soviética para a derrota nazista, um tanto obscurecido após a Guerra Fria? Sim, e a resposta somente é dada nos segundos finais do episódio. E sobre a bomba, cantada mas não explorada após sua concretização sobre alvo humano, ao menos se sabe que a um episódio inteiro dedicado a ela (capítulo 3). |Secret History. 58 minutos.

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