Filme do Dia: Boy Erased: Uma Verdade Anulada (2018), Joel Edgerton
Boy
Erased: Uma Verdade Anulada (Boy Erased,
EUA, 2018). Direção: Joel Edgerton. Rot. Adaptado: Joel Edgerton, a partir do
livro de memórias homônimo de Garrard Conley. Fotografia: Eduard Grau. Música:
Danny Bensi & Saunder Jurriaans. Montagem: Jay Rabinowitz. Dir. de arte:
Chad Keith & Jonathan Guggenheim. Cenografia: Mallorie Coleman & Adam
Willis. Figurinos: Trish Summerville. Com: Lucas Hedges, Nicole Kidman, Russell
Crowe, Madelyn Cline, Victor McCkay, Joel Edgerton, David Joseph Craig, Troye
Sivan, Emily Hinkler, Britton Sear.
Jared (Hedges), filho de um pastor
batista bastante conservador, Marshall (Crowe) é levado por esse e sua mãe,
Nancy (Kidman) a uma instituição que pretensamente promoveria a cura de
homossexuais. Vitimas de maus tratos e humilhações, como outros jovens lá
internaos, Jared sente-se inicialmente grandemente culpado de seu próprio
desejo. Aos poucos, no entanto, começará a se rebelar e não a fazer o “jogo
duplo” que a maior parte dos internos efetua, para poder sobreviver
emocionalmente. Em meio a uma altercação forte com o principal líder das
humilhações, Sykes (Edgerton), ele chama sua mãe para que o retire da
instituição, o que ela faz, posicionando-se do lado do garoto contra o desejo
do pai que ele retorne à mesma.
Bastante previsível é que a
representação gráfica do que se contrapõe à moral absurdamente hipócrita em
relação as (homo)sexualidades dos envolvidos sejam tratadas com um puritanismo
asséptico digno não apenas do filme que explora uma temática de viés (ideológico,
bem entendido) liberal como da sociedade que a gera, já que evidentemente
recortar um tema e focar apenas em instituições específicas provoca um
sentimento de expiação para o restante da sociedade, ao menos para aquela que
comunga com preceitos similares aos que o filme simpatiza. Se fosse além do
trivial exploraria melhor as nuances da relação entre pai e filho, e as
resistências e ressentimentos contidos em cada um, assim como a generosidade
possível a ser ofertada por ambos. E também transformaria a personagem materna
em algo além do antes e depois de sua “tomada de consciência”. Em última
instância, é como se ambos apenas existissem enquanto resistência ao rapaz e o
risco que poderia causar aos negócios da família, vinculados a espiritualidade
e ao lucro decorrente dessa. Se os diretores habitualmente costumam entregar a
si próprios papéis aassociados à tolerância e dignidade, Edgerton,
primordialmente ator e cineasta bissexto, em seu segundo longa, prefere
encarnar o vilão. Como em outras
narrativas que se vinculam a instituições “totais”, há as inevitáveis vítimas
sacrificiais (como em Um Estranho no
Ninho e tantos outros), que ajudam a virar o jogo. Aqui, mesmo com toda a
manipulação emocional, espertamente evita-se uma cena final demasiado
conciliatória com o pai, jogando a responsabilidade às “fotos reais” dos
envolvidos pós-créditos. Blue-Tongue Films para Focus Features. 115 minutos.
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