Filme do Dia: Orlando - A Mulher Imortal (1992), Sally Potter

 


Orlando - A Mulher Imortal (Orlando, Reino Unido/Rússia/França/Italia/Holanda, 1992). Direção: Sally Potter. Rot.Adaptado: Sally Potter, baseado no romance de Virginia Woolf. Fotografia: Alexei Rodionov. Música: David Motion & Sally Potter. Montagem: Hervé Schneid. Com:Tilda Swinton, Quentin Crisp, Jimmy Somerville, Dudley Sutton,  Viktor Stepanov, Charlotte Valandrey, Heathcote Williams, Lothaire Bluteau, Roger Hammond, Billy Zane, Jessica Swinton.

1600. Morte da Rainha Elizabeth I (Crisp), que tinha como protegido o jovem Lorde Orlando (Potter). 1610. A paixão de Lorde Orlando por Sasha (Valandrey), uma jovem russa. Sofrimento de Orlando, por saber que sua companheira não poderá seguí-lo em sua longa odisséia. 1650. Lorde Orlando dorme seis dias consecutivos. Amante da poesia, encontra-se com o poeta Greene (Williams), que está exclusivamente interessado em seu mecenato, afirmando que para escrever sua poesia despreocupadamente precisa de uma renda fixa. Manda uma carta ridicularizando suas poesias, porém Orlando afirma que sua pensão deverá continuar sendo enviada. Em 1700, brinda alcoolizado com o chefe de estado arábe Khan (Bluteau). Quando está para ser condecorado pelo governo inglês, acaba sendo raptado a mando de Khan. Orlando, certo dia, renasce mulher. Frente a sua imagem nua no espelho afirma: “Não há diferença. Só o sexo é diferente”. 1750. Lady Orlando, ousa ignorar as regras de sociabilidade e comparecer a uma recepção solitária, indo contra a tradição da época, onde se encontra com os poetas Pope e Swift (Hammond), todos falando mal das mulheres. Quando interrogada sobre os problemas legais de ser oficialmente um homem, recebe igualmente um pedido de casamento, recusando- o. 1850. Encontra-se com Shelmerdine (Zane), que a chama para viajar ao redor do mundo. Com ele, Orlando vive os momentos mais eroticamente intensos de sua existência como mulher. Pesa sobre Orlando, entretanto, uma sentença da Rainha Vitória, afirmando que ela tem que ter um filho para provar sua feminilidade e manter a guarda de suas propriedades. Orlando reclama da moral dessa época. Pede para que ele passa a viver com ela e que tenham filhos, mas ele parte. Orlando em meio ao bombardeio da I Guerra Mundial. Dias atuais. Orlando vende seu romance. O editor pergunta quantos anos ela levou para escrevê-lo e ela sorri marota para a câmera. Descobre que sua vida inicia quando seu passado já nada mais representa, e diverte-se com sua filha (Jessica Swinton) no parque, observando um anjo (Somerville) que canta no céu. Morre.

Pretensioso nas intenções, mas prejudicado por múltiplos motivos: dificuldade da adaptação do estilo extremamente subjetivo de V. Woolf; falta de verossimelhança  de Swinton enquanto homem; aparente caráter despretensioso (busca de efeitos cômicos, como nas diversas olhadas cumplíces que Swinton lança à câmera - que também implica uma ótica sempre acima da época em que Orlando vive, que tem como premissa uma determinada visão de mundo atual -e outros recursos fáceis que soam grandemente auto-indulgentes) que parecem apenas reforçar o oposto; inexpressivo trabalho do elenco; exarcebado preciosismo visual (alguns membros da equipe trabalham habitualmente com Greenaway) que parece não ter outra função que esconder a falta de vitalidade do roteiro e do filme como um todo; e, talvez, o pior de tudo, que é o tom excessivo que vai da interpretação à direção de arte, dos figurinos ao roteiro. Embora trabalhando com uma leitura - pelo menos, aparentemente - mais ortodoxa de Woolf para a linguagem do cinema, Morris conseguiu melhores efeitos e se aproximar mais do seu universo com Sra. Dalloway (1997). Adventure Pictures/British Screen/European Script Found/Lenfilm/Mikado Films/Rio/Sigma. 93 minutos.

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