Dicionário Histórico de Cinema Sul-Americano#103: Octavio Getino



 Getino, Octavio. (Argentina, 1935-2012). Nascido em Leon, Espanha, 1935, Octavio Getino é mais conhecido por co-escrever um texto-chave do Terceiro Cinema, "Hacía un Tercer Cine", em 1969, e por co-dirigir um filme seminal do mesmo movimento, La Hora de los Hornos, com Fernando E. Solanas, entre 1966 e 1968. Getino mudou-se para a Argentina no princípio dos anos 50 e afirmou-se como escritor. Em 1963 ganhou o prêmio literário cubano Casa de las Américas por seu livro de conto Chulleca. Foi co-fundador do Grupo Cine Liberación com Solanas e viajou reportados quase 30 mil quilômetros ao redor da Argentina com os realizadores de La Hora de los Hornos. Se acredita que Getino tenha gravado o som e tenha dado uma grande mão na co-roteirização do documentário de seis horas. 

Enquanto os protestos estudantis e os movimentos de libertação nacional estavam no seu auge, o filme e a teoria de Getino e Solanas ecoavam a retórica revolucionária de Ernesto "Che" Guevara e Frantz Fanon com a ideia de "uma câmera na mão e uma pedra na outra". Em 1969, juntamente com seis outros, dirigiu Argentina, Mayo de 1969: Los Camiños de la Liberación, um documentário coletivo de 210 minutos sobre os protestos dos trabalhadores em Córdoba, em 29/30 maio, o "Cordobazo". Em 1971, Getino entrevistou Perón em Madri, juntamente com Solanas e Gerardo Vallejo, para quem co-dirigiu dois filmes. Em 1973-74, como uma indicação da mudança de estratégia do grupo, Getino comandou o conselho de classificação do cinema (o escritório da censura), lançando todos os filmes estrangeiros e argentinos banidos sobre o governo militar e tentando desenvolver procedimentos de classifcação de filmes progressivamente. Getino individualmente dirigiu um longa de ficção em 1975, El Familiar, depois de, como muitos colegas, partir para o exílio após o golpe de 1976. Após vivenciar seu exílio no Peru, onde escreveu teoria do cinema, e no México, Getino retornou à Argentina em meados dos anos 80. Escreveu diversas análises detalhadas da indústria de cinema argentina, e comandou brevemente o Instituto Nacional de Cine (INC), o instituto de cinema da nação, em 1989-90, época de paralisia dos negócios cinematográficos durante a crise financeira. Foi professor universitário e um conselheiro para várias organizações tais como a UNESCO. Morreu de câncer em 1º de outubro de 2012.

Texto: Rist, Peter H. The Historical Dictionary of South American Film. Plymouth: Rowman & Littlefield, 2014, pp. 283

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