Obituário: Paulo César Pereio (1940-2024)
Havia prometido a mim mesmo não mais escrever obituários. ou ao menos notas de pesar sobre a morte de alguma personalidade. Primeiro, porque vão crescendo as que você admira proporicionalmente aos anos que lhe restam. Segundo, porque nunca me aparece um tom adequado para redigir o que seja no estilo que pede um obituário. Terceiro, porque parece haver uma conjunção episódica-contextual que a querer forjar desprezo pelos mortos ou minimizar a morte em si. Quarto, porque você se sente algo refém do sentimento recente da perda de alguém que ao mesmo tempo não conheceu e conheceu, ao menos de alguma maneira, através de alguns filtros...embora todo o conhecimento passe por eles, inclusive os das pessoas que conhecemos no dia-a-dia. Resumindo, promessa quebrada diante da perda grande de Paulo César Pereio. Poucos atores brasileiros estiveram em tantos filmes representativos de nossa cinematografia, sobretudo dos anos 60 e 70. A lista é extensa e vou citar apenas alguns de cabeça: Os Fuzis; Bang Bang; Terra em Transe; Toda Nudez Será Castigada; Iracema - Uma Transa Amazônica; A Lira do Delírio. Só estes já justificaria o lugar no pódio de qualquer ator em qualquer cinematografia de qualquer hemisfério do planeta. E de todos eles, o que mais ficou gravado em minha mente, inclusive falas e gestos inteiros, o seu Tião Brasil Grande do filme de Bodanzy/Senna, um tour de force interpretativo, realizado com muito improviso e garra. Há os que digam que era sempre ele próprio e menosprezem atores do tipo. Não sei e acho este papo muito chato. Te amo, Pereio!
p.s. apesar da chamda, não se trata de um obituário, mas de um comentário sobre o falecimento que, à guisa de não existir outro nome melhor para substituir, foi com este mesmo.
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