Filme do Dia: Mustalaishurmaaja (1929), Valentin Vaala
Mustalaishurmaaja (Finlândia, 1929).
Direção: Valentin Vaala. Rot. Original: Teuvo Tulio & Valentin Vaala.
Fotografia: Heikin Aho & Björn Soldan. Montagem: Teuvo Tulio & Valentin
Vaala. Dir. de arte: Teuvo Tulio & Valentin Vaala. Com: Teuvo Tulio, Meri
Hackzel, Bruno Laurén, Ali Riks, Waldemar Wohlin, Wale Saikko, Tekla Nyman.
Em um acampamento de ciganos, o
conquistador Manjardo (Tulio) terá que abdicar de suas duas amantes, Glafira
(Riks) e Akris (Taini), para se casar por obrigação com Esmeralda (Hackzell),
que tampouco gosta dele, mas do amante Feri (Laurén). Manjardo é avisado por
suas ex-amantes ciumentas que Esmeralda se encontra furtivamente com Feri e
planejam com esse que peça o cordão que Esmeralda leva consigo. Quando Manjardo
descobre tudo e açoita publicamente Feri, Esmeralda assume que o cordão lhe foi
dado e não roubado, e Manjardo não consegue bater na mulher que aprendeu a
amar, e deixa que os dois partam. Voltando a se relacionar com suas duas
amantes, Glafira, após ser deixada de lado por Akris, acaba denunciando o roubo
que Manjardo fizera a um comboio postal. Manjardo é perseguido pela polícia, e
leva um tiro. Consegue chegar até o acampamento onde hoje mora Esmeralda com
Feri. Esse, enciumado por Esmeralda cuidar do ex-marido, tenta matá-lo mesmo
enfermo e é repudiado por Esmeralda, praticando o suicídio.
Esse segundo filme de Vaala, que então
tinha não mais que 20 anos, mesmo sendo um melodrama rasgado e
completamente dependente tanto de seu
quinteto amoroso quanto de sua dimensão fatalista, centrada em um Destino trágico,
consegue contar relativamente bem sua narrativa, além de apresentar mulheres
que estão muito longe de serem apenas vítimas do jugo de seus homens. Como era
disseminado pelo cinema de todo o mundo então, temas de amores intensos e
desvinculados do mundo histórico concreto o máximo possível (como é o caso de
Mauro no Brasil) eram padrão. Sendo que aqui tal dimensão é ainda mais
francamente inspirada pelo modelo hollywoodiano ao buscar um grupo “exótico” e,
ao contrário de Mauro, não fazer nenhuma relação espacial, em termos de
localização mais precisa dos eventos, ou da inserção do grupo dentro da
sociedade mais ampla – nos filmes do realizador brasileiro é mais que comum
relações amorosas entre classes sociais distintas. Também é nitidamente moldado
no modelo americano, o perfil de galãs, jovens e de traços femininos,
inspirados evidentemente em Valentino, presentes tanto em Laurén quanto no
próprio Teuvo Tulio, que como o realizador, tornar-se-ia um diretor de longeva
carreira no cinema finlandês, ambos dirigindo filmes até as décadas de 60 e 70
retrospectivamente. Eles, inclusive, parecem, demasiado jovens para suas
contrapartes femininas, mulheres já formadas. Curiosamente Vaala havia filmado
a mesma história com o mesmo Tulio nesse mesmo ano, porém como o resultado
dessa segunda versão teria sido bem superior, desfez-se da anterior jogando sua
cópia no mar. Fennica-Filmi. 69 minutos.
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