Filme do Dia: Fantasma (1922), F.W. Murnau
Fantasma (Phantom, Alemanha, 1922).
Direção: F.W. Murnau. Rot.Adaptado: Thea von Harbou, baseado no romance de
Gerhart Hauptmann. Fotografia:
Axel Graatkjaer & Theophan Ouchakoff.
Dir. de arte: Hermann Warm, Erich Czerwonski & Vally Reinecke. Com:
Alfred Abel, Grete Berger, Lil Dagover, Frida Richard, Lya De Putti, Aud Eged
Nissen, Karl Etlinger, Hans Heinrich von Twardowski, Anton Edthofer.
Alemanha, século XIX. Lorenz Lubota
(Abel) é um escriturário relapso no emprego que vive uma situação familiar
problemática e que vê sua vida transformada quando é atropelado pela carruagem
de Veronika Harlan (De Putti), fiha de um dos homens mais ricos da cidade.
Tendo a filha, Marie (Dagover), apaixonada por Lorenz, o livreiro Starke
(Etlinger) entrega seus poemas a um renomado professor com o intuito de vir a
publicá-los. Lorenz, eufórico com o empréstimo de dinheiro de sua rica tia,
Schwabe (Berger), passa a freqüentar a alta sociedade, apaixonando-se pela
jovem Melitta (De Putti), em que vê reproduzida a face de sua amada. Ele acaba
gastando sua pequena fortuna em presentes para Melitta, que vive uma situação
econômica desfavorável. Sua tia visita sua pobre mãe enferma (Richard),
desgostosa com o novo comportamento de Lorenz e com a saída da filha, Melanie
(Nissen) para uma vida assumida de cortesã. Consciente da fraude, Schwabe passa
a pressionar Lorenz pelo retorno do dinheiro. Esse, associado ao gênio mau de
Wigottschinski (Edthofer), amante da tia, acaba sucumbindo ao plano de assaltar
a tia com Wigottschinski. Flagrados pela mesma, o amante assassina a tia.
Preso, Lobota cumpre sua pena e ao sair da prisão encontra apoio nos vizinhos
Starke, sendo que Marie se tornará sua futura esposa.
Esse drama romântico, repleto de
situações em comum tanto com a literatura que lhe inspirou (o amor alucinado e
delirante do protagonista por sua amada)
quanto com o cinema expressionista, em grande parte herdeiro dessa literatura,
consegue conter boa parte do pessimismo trágico que envolve toda a narrativa
(trabalhado de forma magistral no pioneiro O Estudante de Praga, de 1913), ao emuldurá-lo como lembranças de um passado
infeliz sob a perspectiva de um presente harmonioso e equilibrado (algo
semelhante a estratégia de O Gabinete do Dr. Caligari). O resultado final, mesmo apresentando muitos momentos
inspirados, sobretudo na célebre seqüência em que o protagonista, atormentado
por todas suas fraquezas, observa (através de efeitos ópticos de
sobreimpressão) o casario da cidade se projetar contra ele, torna-se refém da
própia vitmização patética do protagonista e de seu tom exageradamente
melodramático, perdendo a dimensão subversiva de outro filme de Murnau
realizado no mesmo ano, Nosferatu,
bem mais elaborado igualmente em termos visuais. Destaque para a intensa
interpretação de Frida Richard. Dagover,
musa do cinema expressionista, surge em apagado papel de boa moça, bem menos
incisiva que suas participações em Caligari
e Tartufo (1926), o último do
próprio Murnau. Foi dado como perdido por muito tempo. Uco Film GmbH para
Decla-Bioscop. 125 minutos.
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