Filme do Dia: Zatôichi (2003), Takeshi Kitano

 


Zatôichi (Japão, 2003). Direção: Takeshi Kitano. Rot. Adaptado: Takeshi Kitano, baseado nos romances de Kan Shimozawa. Fotografia: Katsumi Yanagishima. Música: Keeichi Suzuki. Montagem: Takeshi Kitano & Yoshinori Oota. Dir. de arte: Norihiro Isoda. Figurinos: Yohji Yamamoto. Com: Takeshi Kitano, Tadanobu Asano, Michiyo Ookusu, Gadarukanuru Taka, Daigorô Tachibana, Yuuko Daike, Yui Natsukawa, Ittoko Kishibe, Saburo Ishikura, Akira Emoto, Ben Hiura, Kohji Miura.

Através da personalidade de um pacato massagista cego, Zatôichi (Kitano) esconde sua habilidade como o mais habilidoso espadachim do Japão no século XIX. A vila onde se refugia é assolada pela briga de duas gangues rivais. A gangue vencedora é liderada por Ginzo (Kishibe) que impõe uma forma de exploração aos comerciantes locais ainda mais repressora que os seus rivais vencidos, tendo como principal arma o magnífico potencial do guerreiro Hattori (Asano). Juntamente com dois irmãos que tiveram suas famílias trucidadas por Ginzo e que se transformam em gueixas, O-Sei (Tachibana) e O-kinu (Daike), Zatôichi lutará até destroçar todo o clã de Ginzo e fazer com que a paz retorne ao povoado.

Essa interessante mescla de filme de samurai com elementos de gêneros diversos como o do western (realizando o percurso inverso de Sete Homens e um Destino) e a tecnologia mais recente em termos de corpos ensangüentados ao estilo do Kill Bill, de Tarantino, tem um que ao mesmo tempo de paródico e belo. Embora, em certo sentido, haja todo um exagero consciente dos estereotipados personagens – sendo a própria indestrutibilidade de Zatôichi o exemplo mais fiel – e uma recusa a qualquer psicologismo que vá além da superfície dos mesmos. Há igualmente todo um bem humorado e irônico passeio pela sociedade japonesa da época, sem que para isso sejam necessários pruridos de um realismo estritamente histórico – a bela coreografia final, por exemplo, do grupo Stripes, tem muito mais de moderna que de tradicional. O resultado final, catártico e impondo vitória aos personagens marginais à história – a figura das duas gueixas e do velho massagista – é tanto simpático quanto flagrantemente despreocupado com qualquer complexidade que venha a embaçar os contornos maniqueístas que seus personagens são delineados e os propósitos uniformes que os movem. Asahi National Broadcasting Co./Bandai Visual Co./Dentsu Inc./Office Kitano/Saitô Entertenaiment/Tokyo FM Broadcasting Co. 116 minutos.

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