Diretoras de Cinema#12: Esfir Shub
SHUB, ESFIR (ESTHER) (1894-1959). União Soviética. Nascida na Ucrânia, Esfir Shub é uma das mais importantes pioneiras do cinema soviético. Uma montadora dotada, estudou e emulou as técnicas de Dziga Vertov e sua esposa e colaboradora, Elizaveta Svilova. Vertov e Svilova formularam o estilo construtivista de montagem, essencialmente uma forma de planos disparatados de montagem em uma ideia aparentemente completa. O talento de Shub com a montagem foi tão impressionante que ela foi contratada, em 1922, pelo governo para remontar e reintitular filmes americanos para torná-los "palatáveis" para os públicos russos. Shub é creditada com a criação do "filme de compilação" (Petric: 22), um método de apropriação de filmagens que depende inteiramente do uso de material pre-existente. Shub remontou imagens de cinejornais de forma muito eficiente e "descobriu alguns princípios cruciais de montagem e titulagem de cartelas, que seriam futuramente desenvolvidas por Eisenstein, Vertov, e Kulechov" (Petric; 22).
A Queda da Dinastia Romanov (1927) é um dos filmes sobreviventes mais famosos de Shub. Ela realizou o filme por conta de não existirem registros da Revolução Russa. A Queda da Dinastia Romanov é realizada com imagens de arquivo e que a própria Shub filmou para compensar esta ausência de documentação. De acordo com Ephraim Katz, os filmes de Shub "permanecem dentre os melhores exemplos de montagem criativa" (p. 1248). Shub também foi pioneira do documentário realista soviético, juntamente com seus colegas, tais como Sergei Eisenstein. Eisenstein aprendeu de Esfir Shub ao observar suas técnicas de montagem. Nas memórias de Shub, ela relembra de trabalhar com Eisenstein na remontagem do Dr. Mabuse (1922), de Fritz Lang. Shub e Eisenstein influenciaram um ao outro e compartilharam um interesse no documentário e em técnicas formalistas de montagem. Ela visitou o set de Outubro de Eisenstein, onde dispenderam muito tempo discutindo sobre possíveis estratégias para o filme. Sua relação com Eisenstein era de um companheirismo colaborativo.
Shub considerava Vertov como professor, mas discordava de seu desdém por filmes baseados em roteiros. O próprio Vertov considerava Shub como "uma das figuras mais significativas do cinema documental soviético da era muda" (Petric: 29). Ambos compartilhavam uma preocupação idêntica com a autenticidade, mesmo Shub sentindo que um documentário poderia incluir uma mescla de eventos encenados e autênticos. As teorias naturalistas de Shub prefiguram aqueles da escola italiana neorrealista, antecipada por certas diretoras como Elvira Notari e, muitos anos depois, Vittorio De Sica e Roberto Rossellini. Dito isto, Esfir Shub trabalhou por mais de vinte anos no cinema soviético. Ela ajudou a formular o documentário sonoro com The Konsomol - Sponsor of Electrification (1932). Trabalhou exclusivamente como montadora no final dos anos 40 e primórdios dos 50 e escreveu, de maneira extensa, sobre as técnicas de filmagem em suas memórias. Também escreveu um roteiro intitulado Women (1933-34), que traçava os papéis das mulheres no contexto cultural e histórico. Infelizmente o projeto nunca foi realizado, mas o roteiro sobrevive como um testamento do feminismo de Shub.
FILMOGRAFIA SELECIONADA
Padenie dinastii romanovykh (A Queda da Dinastia Romanov) (1927)
Velikii put (The Great Path) (1927)
Rossiia Nikolaia II i Lev Tolstoi (The Russia of Nicholas II and Lev Tolstoi) (1928)
Segodnik (Today) (1930)
KShE (Komsomol—Shef elektrifikatsii) (The Komsomol—Sponsor of Electrification) (1932)
Moskva stroit metro (Moscow Builds the Metro) (1934)
Strano Sovetov (The Country of the Soviets) (1937)
Turtsiia na podeme (Turkey at the Turning Point) (1937)
Ispaniia (Spain) (1930)
20 let sovetskogo kino (Twenty Years of Soviet Cinema) (1940)
Fashizm budet razbit (Fascism Will Be Defeated) (1941)
Strana rodnaia (Native Land) (1942)
Sud v Smolenske (Court in Smolensk) (1946)
BIBLIOGRAFIA SELECIONADA
Attwood, Lynn. Red Women on the Silver Screen: Soviet Women and Cinema from the Beginning to the End of the Communist Era. London: Pandora, 1993.
Katz, Ephraim. The Film Encyclopedia. New York: HarperCollins, 1994.
Kuhn, Annette. Women's Pictures: Feminism and Cinema. London: Routledge, 1982.
Mayne, Judith. Kino and the Woman Question: Feminism and Soviet Silent Film. Columbus: Ohio State University Press, 1989.
Petrie, Vlada. "Esther Shub: Film as a Historical Discourse." In "Show Us Life": Toward A History of Aesthetics of the Committed Documentary, (org.) Thomas Waugh, 21-46. Metuchen, NJ: Scarecrow Press, 1984.
Shub, Esfir (Esther). Zhizn moya—Kinematogra [My Life—Cinema]. Moscow: Iskusstvo, 1972.
Texto: Foster, Gwendolyn Audrey. Women Film Directors - An International Bio-Critical Dictionary. Westport: Greenwood Press, 1995, pp. 341-43.
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