Filme do Dia: 1971: O Ano em Que a Música Mudou o Mundo - Starman (2021)
1971: O Ano em Que a Música Mudou o Mundo (1971:
The Year That Music Changed Everything - Starman, EUA, 2021). Montagem Sam
Blair.
Em um
movimento que ocorre ao longo da série em 8 partes, do qual esse é o último
episódio, parece haver idas e vindas como em uma onda. Aqui se retorna
novamente a discutir uma Inglaterra que arrisca voltar aos tempos pré-Beatles,
em termos de conservadorismo – e observamos os senhores andando com seus
chapéus coco típicos, e um deles sendo ofensivo a um repórter que busca indagar
algo nesse sentido dele. E também o retorno a Bowie e John & Yoko. E quando se utiliza uma canção de Yoko para
auxiliar a ilustrar o tema do conservadorismo, parece também se buscar uma
valorização que vá contra o apagamento da figura feminina, como ela vivenciou à
época, independente da qualidade de sua música. E movimentos de cunho fascista
reivindicam uma Inglaterra para os brancos. E escutamos Bob Marley, que também
contribuiu com o fantástico repertório do ano, com sua canção Trench Town
Rock. Marley afirma que a experiência que o transformou, após ter ouvido
The Kinks e The Beatles, foi The Who. A partir daí temos acesso a uma
quantidade enorme de material no estúdio particular de Pete Townshend. E as
imagens com declarações em tom profético de Marshall McLunhan de que todos
teriam em casa computadores com toda sorte de entretenimentos passíveis de
serem utilizados nele. Townshend parece citar uma versão distópica de Imagine,
imaginando um mundo repleto de poluição e diversão comodificada doméstica. E
uma vez mais Macluhan é extremamente profético em visualizar um efeito
anestésico similar ao das drogas no uso das tecnologias. Posteriormente há um
retorno igualmente ao episódio do processo e prisão dos mentores da revista
satírica OZ, como se houvesse toda uma tentativa de unir algumas das pontas
soltas dos episódios anteriores. E ficamos sabendo que imagens de um protesto
liderado por Lennon & Yoko, ao qual tivemos acesso diversas vezes em outros
contextos e para ilustrar outras músicas, foi efetuado para arrecadar fundos
para os editores da revista, tendo sido também lançada uma canção. Há
Kraftkwerk e a cultura do comodismo e estabilidade na Alemanha Ocidental. E um
breve relance de Jagger afirmando que as coisas só mudariam quando a música
realmente fosse outra, e não mais se escutar Chuck Berry até o final da
vida. E
mais do que qualquer outro dos episódios se funde elementos extraído do
imaginário da época via mídia – Laranja Mecânica de Kubrick, lançado no
mesmo ano, a astrofísica de Carl Sagan, o surgimento dos skinheads, etc – e a
música, talvez em seu episódio igualmente mais potente, não necessariamente o
mais denso. E o caráter de colagem desse epilógo se torna literal com uma
montagem de fotos do que viria após Bowie declarar que finalmente “haviam
matado os anos 60”. Mercury Studios – On the Corner Films para Apple TV+. 46 minutos.
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