Filme do Dia: America (1924), D.W. Griffith
America (EUA, 1924). Direção: D.W.
Griffith. Rot. Original: Robert W. Chambers, baseado em seu próprio argumento.
Fotografia: G.W.Bitzer, Marcel Le Picard, Hendrik Sartov & Harold S.
Sintzenich. Música: Joseph Carl Breil & Adolph Fink. Montagem: James &
Rose Smith. Dir. de arte: Charles M. Kirk. Cenografia: Charles E. Boss. Com: Neil Hamilton,
Erville Alderson, Carol Dempster, Charles Emmett Mack, Lee Baggs, John Dunton,
Arthur Donaldson, Charles Bennett, Lionel Barrymore, Sydney Deane.
Nathan Holden (Hamilton) é pobre
fazendeiro, mas honesto e possui duas grandes paixões: a independência
americana da Inglaterra e o amor da aristocrata Tory, Nancy Montague (Dempster), filha de Sir
Ashley Montague (Deane), apaixonado contra-revolucionário. Do lado das forças
britânica, o vil e tirano Walter Butler (Barrymore), fiel apenas a seus
próprios interesses. Sir Ashley, discutindo com os revolucionários, inclusive
Nathan, acaba acidentalmente sendo morto pelo mesmo. Com a invasão da cidade
por Butler e os índios seus aliados, Nancy Montague se torna presa de Butler,
que pretende violenta-la. Nathan, mesmo observando a cena toda, dividido entre
o amor privado e a paixão pela causa revolucionária, conforma-se em ser o
mensageiro da futura invasão das milícias de Butler junto à população. Salva
pelos índios, que decidem invadir somente em um determinado momento, Nancy
consegue escapar das mãos de Butler. Nathan, no entanto, liderando a população
local consegue vencer as forças de Butler no momento de outra invasão. Todos
comemoram o final do conflito.
O filme retorna a muitos dos motivos
de seu mais célebre, O Nascimento de uma Nação, realizado dez anos antes. A mesma fórmula entre melodrama doméstico
e a história do país, encenado através de cenografias e locações
grandiloquentes, com personagens de ficção convivendo com austeras figuras
históricas observadas de relance, tais como Washington. O desprezo pelos negros
aqui surge direcionado sobretudo para os índios, infames aliados do vil Butler.
O maniqueísmo aqui persiste, como no filme anterior, ainda que as
interpretações possuam algo de mais suave. Nathan, contraponto radical de
Butler, consegue levar seu heroísmo patriótico ao extremo de observar o
iminente estupro de sua amada, e ainda assim ter sangue frio de colocar a causa
coletiva acima de sua paixão individual. Griffith parece não ter se dado conta
de que mudanças ocorreram no panorama da indústria cinematográfica entre uma e
outra produção, sendo o filme mal recebido pela crítica e público, provocando o
gradual ostracismo do realizador. D.W. Griffith Productions. 141 minutos.
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