Filme do Dia: A Águia Azul (1926), John Ford

 


A Águia Azul (The Blue Eagle, EUA, 1926). Direção: John Ford. Rot. Adaptado: Gordon Rigby & Malcolm Stuart Boylan, a partir do conto The Lord’s Referee, de Gerald Beaumont. Fotografia: George Schneiderman. Figurinos: Sam Benson. Com: George O’Brien, Janet Gaynor, William Russell, Margaret Livingston, Robert Edeson, Philip Ford, David Butler, Lew Short.

Dois marinheiros, George Darcy (O’Brien) e “Big” Tim Ryan (Russell) disputam os mimos da jovem Rose Kelly (Gaynor), seja na marinha, seja na vida civil após a guerra, quando Padre Joe (Edeson), leva a termo a luta de boxe que havia sido interrompida por um ataque inimigo durante a guerra. No intervalo entre as lutas, George e Big Tim se tornam amigos, a partir do momento que unem as forças para combater os traficantes que tanto mal fazem à sociedade.

Esse trabalho rotineiro de Ford para o estúdio do qual era então contratado, que sobreviveu quase completo mas em estado não muito bom de conservação – os poucos lapsos que existem são compensados com fotos fixas e comentários sobre as cenas perdidas – demonstra que filmes como The Iron Horse (1924), dirigido pelo realizador, eram antes a exceção na sua filmografia do momento, voltada para produtos de consumo (e, supõe-se, esquecimento) imediato. Aqui todos os cacoetes rasos são trabalhados nem de longe do brilho de Borzage, que conseguia extrair páthos de situações melodramáticas carregadamente clichês por seu notável trabalho de direção de atores e encenação. Aqui parece se passear entre diversos gêneros sem uma definição exatamente precisa por nenhum, sem que isso deva ser levado necessariamente em conta como algo positivo. Do melodrama à comédia passando de raspão pelo filme de guerra e também a aventura rocambolesca, muito vagamente evocativa dos filmes em série de Fritz Lang, que conseguia resultados bem mais interessantes com material semelhante, passeia-se rasamente um pouco por tudo. Do rosto angelical e sorriso ingênuo de Gaynor, atriz que igualmente trabalhou para Borzage (Sétimo Céu) aqui infelizmente reduzidos a não mais que isso até os corpos musculosos devidamente untados de suor e utilizados conscientemente como chamariz para o público feminino, tudo soa demasiado insípido. A amizade/rivalidade entre o par principal mais uma vez vem a destacar o amor masculino se sobrepondo as mulheres, tão coadjuvantes e apenas pretexto para aquele, que simplesmente são deixadas para trás na cena final, quando são os dois homens que entram lado a lado na cerimônia religiosa, aproximando da caricatura o paralelo que toca o extremo da masculinidade com o homo-erotismo, mesmo quando involuntariamente, tal como aqui.  Fox Film Corp. 58 minutos.

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