O Dicionário Biográfico de Cinema#89: Hoagy (Hoagland Howard) Carmichael

 



Hoagy (Hoagland Howard) Carmichael (1899-1981), n. Bloomington, Indiana

Ele senta ao piano que é para ser colocado em proeminência diante do resto do mundo. Veste calças brancas (podem ser creme ou marfim) com uma faixa escura nelas, e poderia ser carmesim ou um azul escuro contra o creme (isto é, a luz da Martinica). E na camisa também existe o mesmo padrão, com uma listra negra vertical em uma pálida base, exceto que as listsa são duas vezes mais regulares. Ele também possui uma gravata, bastante volumosa, desajeitada, atoleimada, com motivos de grandes diamantes. E serei amaldiçoado se ele não tiver uma faixa decorada acima do cotovelo direito, do tipo que jogadores de carteado ou pianistas de salão algumas vezes usam param manterem suas mãos livres.

É chamado de grilo, e é o mais inteligente de todo o filme inteligente. E, mais ou menos, estamos no coração de toda a questão, em um local onde a perfeição e o absurdo desmoronam juntas, de um modo insuportavelmente elegante. Isso em 1944, na produção da Warner Bros. To Have and Have Not [Uma Aventura na Martinica]- onde até mesmo o título sabe o que ocorre, e aprecia que este seja o mistério do cinema, o próprio sonho. 

Não sei, mas suspeito que Hoagy Carmichael se vestiu ele próprio para a ocasião, checando tudo cuidadosamente e então com Howard Hawks, que reverenciava tanto como amigo quanto mestre no estilo. Para Hawks ele era um dândi, e suspeito que ambos poderiam tornar-se líricos juntos, conhecedores do que um deprimido pianista deveria parecer nos anos 20, se houvesse feito direito na Indiana University primeiro, e vagasse com Bix e Trumbaeur, e Eddie Condor fosse prometido à noite. 

Era como Carmichael punha sua vida em ordem, abandonando o direito por "Star Dust", que escreveu em 1927. E ele possui uma grande quantidade de canções nos anos 30, como Bing Crosby fazendo "Moonburn" em Anything Goes [Fuzarca a Bordo] (36, Lewis Milestone). E de alguma forma Hoagland tem que ser conhecido de Slim e Howard Hawks, e Howard lhe pede para ficar por perto do set de Uma Aventura na Martinica e ser atmosférico.

E resolveu que essa nova garota, Bacall, tinha essa pequena canção a cantar, então por que não poderia ser algo que o Grilo estivesse a trabalhar? Não seria trabalho duro, disse-lhe Howard, você pode fazer a coisa toda sentado. E talvez Hoagland tenha lhe dito, "Howard, eu nunca estive diante de uma câmera antes", ao que Hawks replicaria, "não importa. Você pode fazer isso, se tentar."

Assim Carmichael e Bacall brincam com "How Little We Know", e o filme todo é esse novo tango estranho que Bogart e Bacall fazem com três caras - Marcel Dalio, Walter Brennan e Carmichael - em uma toada equestre. E se percebe a desgraçada sorte que pode cair em um romance de Ernest Hemingway, que não é o pior livro do mundo. 

A história conta que enquanto Carmichael estava trabalhando, William Faulkner veio ao set para observar. Para ser afortunado. 

Seguro, Carmichael está novamente e muito bem em The Best Years of Our Lives [Os Melhores Anos de Nossas Vidas] (45, William Wyler), em Night Song [Melodia da Noite] (47, John Cromwell) e Young Man with a Horn [Êxito Fugaz] (50, Michael Curtiz). E teve suas canções dentro e fora dos filmes - compartilhou um Oscar por "In the Cool, Cool, Cool of the Evening" em Here Comes the Groom [Órfãos da Tempestade] (51, Frank Capra). Porém o resto foi relativamente normal, sensível, e o que se poderia esperar. Considerando que o Grilo veio do nada. Nada exceto a melhor e mais afável mente que jamais fez um filme americano. Se você pudesse deixar suas roupas meio decentes.

Texto: Thomson, David. The New Biographical Dictionary of Cinema. Nova York: Alfred A. Knopf, 2014, pp. 405-6. 

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