Filme do Dia: Dias de Amor (1954), Giuseppe De Santis
Dias de Amor (Giorni d’Amore,
Itália/França, 1954). Direção: Giuseppe De Santis. Rot.Original: Libero De
Libero, Giuseppe De Santis, Elio Petri & Gianni Puccini, a partir de
argumento coletivo. Fotografia: Otelllo Martelli. Música: Mario Nascimbene.
Montagem: Gabriele Varriale. Dir. de arte & Figurinos: Domenico
Purificato. Cenografia: Giovanni Chechi. Com: Marcello Mastroianni, Marina Vlady,
Giulio Cali, Angelina Longobardi, Dora Scarpetta, Fernando Jacovolta, Renato
Chiantoni, Lucien Gallas, Pina Gallini.
No campo e sem muitas posses, o casal
de namorados Pasquale (Mastroianni) e Angela (Vlady), labutam incessantemente
para conseguir o dinheiro necessário para providenciar o seu casamento,
seguindo todos os rituais convencionais. Quando percebem que não o conseguirão
tão cedo, resolvem fugir. No meio da fuga acabam decidindo se casar
secretamente. As famílias, que temiam que algo do tipo ocorresse, chegando até
a aprisionar Pasquale em um quarto, tornam-se automaticamente simpáticas quando
observam o casal descendo a escadaria da igreja.
Cada centímetro de espaço filmado
parece servir como único propósito de exibir, do modo mais pitoresco possível,
através das cores de uma fotografia que não se distancia tanto do universo
colorido dos musicais hollywoodianos, uma Itália rural e fortemente marcada
pelos laços comunitários. Se em Arroz
Amargo ou Trágica Perseguição, De Santis se fazia valer do expediente de um
cinema mais próximo das convenções clássicas para pretensamente atingir um
maior contato com o público, algo que não ocorria com freqüência com os filmes
de seus colegas neorrealistas, aqui tais estratégias já são utilizadas sem mais
qualquer pretensão “pedagógica”. O que parece se antever aqui é um cinema em
que uma “italianidade” domesticada, gritada, colorida e extremamente erotizada
– sendo que todos esses valores são construídos a partir de elementos populares,
quase sempre observados anteriormente através do prisma apenas do filme de
“denúncia social”, onde tais elementos
ganhavam espaço bem mais reservado,
pudico. Curiosamente, a dupla principal –Vlady e Mastroianni – que seria
celebrizada na década seguinte sobretudo a partir de suas colaborações com um
cinema moderno e autoral, aqui é explorada em sua veia mais convencionalmente
associada a do estrelato cinematográfico: a sensualidade. Vlady, sobretudo, com
seus olhos claros e sorriso dócil. A excessiva docilidade e subserviência dela
ao personagem extremamente misógino vivido por Mastroianni não entuasiasmaria
exatamente as platéias femininas de tempos depois. Pior que isso, no entanto, é
a absoluta inocuidade de uma narrativa que não se resolve nem enquanto comédia
erótica ou de costumes nem tampouco acena para qualquer maior pretensão de
cunho autoral, intensificando o que já podia se prever a partir das fraquezas
de seus filmes da década anterior. Excelsa Film/Omnium International du Film
para Minerva Film. 93 minutos.
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