Filme do Dia: Fireworks (1947), Kenneth Anger
Fireworks (EUA, 1947). Direção, Rot.
Original e Montagem: Kenneth Anger. Com: Kenneth Anger, Gordon Gray, Bill
Seltzer.
Considerado como seu filme de estréia,
mesmo que aparentemente outros tenham
sido dirigidos antes e se perdido, Anger já apresenta nesse filme muito do que
caracterizará o seu trabalho ao longo das décadas seguintes: um senso de
iconclastia visual; uma abordagem precoce do homoerotismo (aqui se trata de um
universo onírico onde prazer e dor se confundem); assim como a presença da
música, mais do que diálogo, como o mais importante elemento sonoro. Se as
sobreimpressões e efeitos ópticos aqui ainda não se encontram presentes e o
caráter amador das filmagens são mais acentuados que em seus filmes
posteriores, isso se deve igualmente ao fato desse ter sido realizado num final de semana e com
pouquíssimo dinheiro. O fato de buscar representar o universo onírico do
próprio Anger dormindo suscita comparações com as obras anteriores de Cocteau e
Buñuel, porém um dos seus distintivos se encontra nas abertas alusões ao
universo homossexual, numa época ainda completamente tabu, representada aqui
por vezes de forma sanguinolenta, como na exposição das vísceras da própria
vítima por seus torturados, por vezes de modo bem humorado, como no fogo de
artifício sob o formato de dinamite pronta a explodir que surge de dentro das
calças de seu protagonista a determinado momento ou ainda numa ereção
descomunal durante o sonho que depois demonstra ser um símbolo fálico
primitivo. Ao contrário da maior de seus filmes a partir de Scorpio Rising, no entanto, a música
aqui utilizada é instrumental. Suas composições por vezes chegam a sugerir
abstrações como no momento em que o leite escorre sob o pescoço do jovem. Seria
considerado juntamente com Meshes of the Afternoon, de Maya Deren, como um marco fundamental da vanguarda
norte-americana. 15 minutos.
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