Filme do Dia: Minha Estação Preferida (1992), André Techiné

 


Minha Estação Preferida (Ma Saison Préféré, França, 1992) Direção: André Techiné. Rot.Original: A.Techiné&Pascal Bonitzer. Fotografia: Thierry Arbogast. Com: Catherine Deneauve, Daniel Auteil, Chiara Mastroianni, Marthe Villalonga, Ingrid Caven.

 Emillie (Deneauve) é profissional bem sucedida, dividindo o trabalho com seu esposo. No natal resolve chamar o irmão Antoine (Auteil) e a mãe (Villalonga), que recentemente sofreu um colapso, para passarem a noite com a família, o filho adotivo Lucien, a filha (Mastroianni), além de uma amiga, que divide as atenções dos irmãos. Antoine se desentende uma vez mais com o cunhado. Os conflitos da noite servem para demonstrar à Emillie que sua união está longe de ser completa, devido principalmente ao bloqueio afetivo de seu marido. Um novo colapso da mãe reunirá outra vez Emillie e Antoine meses depois. Esta vem propor o internamento da mãe em um asilo. Antoine revolta-se inicialmente mas acaba concordando. Tanto Emillie, agora separada da família, quanto Antoine, médico igualmente bem sucedido, instigados pelo momento crítico, chegam por vias diferentes a perceberem que o mundo que os rodeia não os preeche afetivamente. Criados pela mãe com o intuito de serem modernos, independentes, sentem-se presos da armadilha que esse mesmo mundo que os tornou bem sucedidos profissionalmente colocou: o vazio afetivo. O momento de crise (separação conjugal, emimente morte da mãe) fará com que Emillie busque uma fonte de satisfação que ela só pode encontrar em um mundo em que ainda havia a possibilidade do sentimento, ou seja, no passado. Na fortemente perversa união que liga ao irmão e à mãe, e que exclui qualquer outra pessoa. Emillie passa a investir na relação afetiva (mas não sexual) com o irmão. Antoine torna-se completamente obcecado por esta nova relação, e profundamente irritado com os temores de Emillie sobre o que poderá vir a ocorrer caso a relação prossiga. Após a morte da mãe, no entanto, Emillie mostra-se disposta a voltar a morar com sua família e Antoine resolve viajar.

Sensível retrato de Techiné (provavelmente o cineasta mais interessante em atividade no mainstream do cinema francês dessa época) sobre o individualismo moderno, servindo-se da própria necessidade de ausência de sentimentos no mundo dos protagonistas para sua narrativa austera e distante de qualquer sentimentalismo. Evocando sempre o passado (seja através de fotografias antigas, como em uma conversa in off entre mãe e filho, em que a câmera se desloca de um para outro na moldura da fotografia, através de um flashback em que Emillie volta a conversar com os pais ou ainda cantarolando canções de infância com o irmão) como única possibilidade concreta de sentimento verdadeiro. A singular relação entre irmãos lembra a vivida pelos também irmãos protagonistas de Amantes de Cassavetes. D.A. Films/Les Films Alain Sarde/TF 1 Films Productions. 120 minutos.

 

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