Filme do Dia: A Child of the Ghetto (1910), D.W. Griffith

 


A Child of the Ghetto (EUA, 1910). Direção: D.W. Griffith. Rot. Original: Stanner E.V. Taylor. Fotografia: G.W. Bitzer & Arthur Marvin. Com: Dorothy West, Kate Bruce, Dell Henderson, Charles West, W.Chrysthie Miller, George Nichols, Henry B. Walthall, Clara T. Bracy.

Ruth (West) perde a mãe que a sustentava. Além do pesar pessoal, ela agora terá que lidar com o próprio sustento, no ambiente profundamente hostil à solidariedade do gueto em que vive em Nova York. A busca de emprego, vem a ser acusada de furto e consegue fugir, refugiando-se no campo, onde rapidamente é acolhida por uma família, em que o fazendeiro (Walthall) demonstra seu interesse por ela. Quando tudo parece tranquilo, um dos investigadores da polícia, Quinn (Nichols), em passeio de lazer, reconhece-a.

A forma patética como a protagonista implora por piedade, partindo inclusive de códigos dramáticos por demais cifrados, como seu gesto diante do caixão da mãe ao início, parece quase pedir uma retribuição violenta de quem aborda, algo que de fato ocorre, seja da proprietária do imóvel com o qual morava ou do homem a quem vai esmolar emprego, dado o ambiente hostil, competitivo e pouco simpático com os dramas individuais do bairro proletário nova-iorquino em que se desenrola a história – aliás um dos aspectos que chama a atenção nesse curta é o enfrentamento das ruas da cidade grande, quando normalmente os melodramas ambientados em locais similares  ficavam restritos a cenários reproduzindo ambientes internos. A visão dos moradores do campo é a mais pastoral e idílica e oposta em relação ao egoísmo desumano daqueles que habitam a metrópole. As conexões entre a distância entre a moradia de Ruth e os trabalhos que busca ou do gueto (evidentemente judeu, algo demarcado não apenas pela barba de alguns transeuntes, quanto pelo próprio nome da heróina) que se refere o título e sua nova morada não são elaborados de forma minimamente didática, esse quesito é mais que apressado no que diz respeito a ela ser a companhia feminina para o mocinho que vive com a mãe no novo – e saudável – ambiente. E de abatida em pouco a jovem já é vista lépida e fagueira, como as crianças que vira há pouco, inclusive pululando como elas, demarcando sua identificação como pretensa  alma pura que representaria os infantes. Tampouco didática é, ao menos se observado uma única vez, até que ponto a garota é de fato autora ou não do furto percebido e, igualmente, o modo rápido como o delegado fora do serviço – talvez inspirado pelos ares da docilidade e amizade fraterna campestre – é rapidamente convencido a deixar para lá a garota. Biograph Co. 13 minutos.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Filme do Dia: Der Traum des Bildhauers (1907), Johann Schwarzer

Filme do Dia: Quem é a Bruxa? (1949), Friz Freleng

A Thousand Days for Mokhtar