Filme do Dia: Desejo (1936), Frank Borzage
Desejo (Desire, EUA, 1936). Direção: Frank Borzage. Rot. Adaptado: Edwin
Justus Mayer, Waldemar Young & Samuel Hoffenstein baseado na peça de Hans
Széleky & Robert A. Stemmle. Fotografia: Charles Lang & Victor Milner.
Música: Frederic Hollander. Montagem: William Shea. Dir. de arte: Hans Dreier
& Robert Usher. Figurinos: Travis Banton. Com: Marlene Dietrich, Gary Cooper, John Halliday, William Frawley, Ernest Cossart, Akim Tamiroff, Alan
Mowbray, Zeffie Tilbury.
Na França, Madeleine de Baupré (Dietrich)
é associada a uma quadrilha que aplica um golpe e foge com um valioso colar de
pérolas para a Espanha. Na fronteira, ela esconde o colar no bolso do paletó do
americano em viagem de ferias Tom Bradley (Cooper). Bradley se apaixona
por ela. Inicialmente Madeleine o utiliza para seus próprios proveitos, fugindo
com seu carro. Depois de certo tempo, realmente se envolve e decide abandonar a
quadrilha, disposta a casar com ele e ter uma vida menos glamurosa, porém
honesta, em Detroit. Seu primeiro passo nesse sentido, após o casamento, é o de
devolver o colar roubado.
Esse drama cômico, soberbamente
fotografado em preto&branco, apesar de bastante esquemático e prevísivel,
possui algo da vitalidade cômica e erótica (ainda que infelizmente boa parte
dela se esvai gradativamente para um mais insosso tom sério-dramático,
precisamente a partir do momento em que o casal demonstra se encontrar
apaixonado) de um Aconteceu Naquela Noite
(1934), de Capra. Aqui, Borzage demonstra um sentido mais irônico para o amor
do que em seus dramas mudos (sendo Sétimo
Céu o mais célebre). Existem dois momentos antológicos a demarcarem sua
veia cômica e erótica respectivamente, os dois homens lesados por Madeleine
logo quando aplica seu golpe e o momento em que Madeleine deita sua mão sobre a
perna de Bradley por baixo da mesa, e esse acredita que ela se encontra
interessada em uma primeira e ousada investida furtiva sobre ele quando, na
verdade, pretende recuperar o colar. Dietrich explora evidentemente o apelo
erótico/exótico/fatal construído nos filmes que efetivara para Sternberg. É
bastante explícito o quanto o filme associa a vilania à figura da nobreza
européia, ainda que falsa, e a bonomia ao trabalhador médio americano. E o
quanto essa última acabará “recuperando” uma parte dessa primeira para o caminho
do bem. Lubitsch dirigiu algumas cenas. Paramount Pictures. 95 minutos.
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