Filme do Dia: Bravura Indômita (1969), Henry Hathaway

 




Bravura Indômita (True Grit, EUA, 1969). Direção: Henry Hathaway. Rot. Adaptado: Marguerite Roberts, baseado no romance de Charles Portis. Fotografia: Lucien Ballard. Música: Elmer Bernstein. Montagem: Warren Low. Dir. de arte: Walter H. Tyler. Cenografia: John Burton & Ray Moyer. Figurinos: Dorothy Jeakins. Com: John Wayne, Glen Campbell, Kim Darby, Jeremy Slate, Robert Duvall, Dennis Hopper, Alfred Ryder, Strother Martin, John Pickard, Jeff Corey, H.W. Gim.

Mattie Ross (Darby) é uma adolescente disposta a todo custo a vingar a morte do pai (Pickard) pelo traiçoeiro Tom Chaney (Corey).  Ela aposta na fama do justiceiro “Rooster” Cogburn (Wayne), embora quem também esteja interessado na captura de Chaney vivo ou morto é La Boeuf (Campbell) um oficial do estado do Texas, onde ele é procurado pela morte de um senador. Os dois acabam unindo seus esforços e tem que contar com a presença insistente de Mattie, que também pretende seguir na perigosa missão.

Hathaway, como se apercebe pelo último plano fixo de Wayne em seu cavalo, parece ter construído um filme-tributo ao já lendário ator, quase como se fosse igualmente sua despedida do cinema – o que demonstraria ser redondamente enganoso se assim pensou, pois Wayne ainda atuaria em diversas produções na década seguinte, inclusive revivendo o personagem em seu penúltimo filme, Justiceiro Implacável (1975), cujo título original é o nome do mesmo. Se esse foi o intuito, parcialmente reconhecido pela premiação da Academia para Wayne como ator do ano, o tiro de certa forma saiu pela culatra. Para além das magníficas locações, nada parece funcionar a contento no filme. Do parco interesse dramático a falta de um estilo próprio, num momento em que grandes nomes do gênero o estavam reciclando de forma vital como Sam Peckinpah. Da sofrível interpretação do elenco, com especial destaque para Darby e Campbell a falta de orientação, o filme parecendo patinar entre uma anêmica tentativa de espelhar o senso épico do auge do gênero com John Ford e sua decadente auto-consciência de si próprio enquanto gênero, algo percebida na péssima trilha de Bernstein de temas ligeiros associados ao western, porém sem o aberto escracho do western-spaguetti ou à reatualização dele para discutir próprios temas candentes à sociedade norte-americana (como em O Pequeno Grande Homem), para citar duas empreitadas contemporâneas. As cenas de ação tampouco são empolgantes e o encontro final é um anti-clímax que apenas faz com que a narrativa se prolonge de forma demasiado arrastada após o suposto desenlace. Mia Farrow, uma das muitas atrizes que chegou a ser cogitada para o papel, acredita ter sido o pior erro de sua carreira não ter aceito o papel de Mattie Ross. Refilmado mais de 40 anos após pelos Irmãos Coen.  Paramount Pictures. 124 minutos.

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