Filme do Dia: Diário de um Ladrão de Shinjuku (1968), Nagisa Oshima
Diário de um Ladrão de Shinjuku
(Shinjoku Dorobo Nikki, Japão, 1968). Direção: Nagisa Oshima. Rot. Original:
Masao Adachi, Nagisa Oshima, Mamoru Sasaki, Tsutomu Samura. Fotografia: Seizô
Sengen & Yasuhiro Yashioka. Montagem: Nagisa Oshima. Com: Tadanori Yokoo,
Rie Yokoyama, Kei Sato, Juro Kara, Tetsu Takahashi, Moichi Tanabe, Fumio
Watanabe, Rokko Toura.
As aventuras um jovem ladrão de livros
(Yokoo) e de sua companheira, uma garota que trabalha na livraria (Yokoyama)
onde ele age, no distrito de Shinjuku
expressam, através de sua verve moderna, fragmentada e heterogênea, toda
a atmosfera de contestação do período no Japão, que surge como pano de fundo.
Mesmo com uma forte presença da palavra escrita e lida, inclusive do uso recorrente
do próprio título do filme (evidente referência a Genet que o filme não
disfarça) e momentos de quase afasia narrativa contrastados com outros de
surpreendente beleza e originalidade possam sugerir uma aproximação com Godard,
sua construção sob forma de colagem talvez se aproxime mais, em sua obsessão
por política e sexo (que seria explicitada de vez no posterior O Império dos Sentidos), com as
alegorias de Dusan Makavejev. Já o forte teor esteticista de sua imagem,
concentrado em um plano na qual a dupla caminha de manhã cedo talvez sugira um
paralelo com Peter Greenaway. O momento mais belo, senão mais criativo do filme,
é o que a garota, Umeko, tateia os livros e simultaneamente escutamos na banda
sonora uma leitura de trechos dos mesmos, culminando na cena na qual ela fica
ao lado de uma pilha de livros e se escuta uma miríade de leituras de livros diversos.
Nem sempre claro, o filme tampouco deixa de problematizar a própria dimensão da
arte, com a apresentação de uma peça teatral na qual motivos tradicionais do
teatro kabuki são incorporados em uma montagem de vanguarda. Seu estilo é
bastante diverso da maior parte da produção nipônica, mesmo a de cunho mais
autoral, realizada no período. Sozosha. 96 minutos.
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