Filme do Dia: A Scary Time (1960), Shirley Clarke & Robert Hughes

 


A Scary Time (EUA, 1960). Direção: Shirley Clarke & Robert Hughes. Música: Peggy Granville-Hills.

Esse quarto curta da realizadora demonstra ser uma decepcionante encomenda, com pouco ou nenhum ponto de ligação com a obra anterior de Clarke. Tendo sido produzido para a UNICEF se imagina de imediato um tema voltado para o sofrimento infantil, mas o que se observa inicialmente são preparativos para a festa de Halloween. Porém, a primeira hipótese não se encontra invalidada. Narrado por um garoto, sendo os créditos iniciais também falados pelas crianças. Porém a transição do confortável universo das crianças de classe média norte-americanas para os sofrimentos das mesmas ao redor do mundo se dá de forma um tanto pueril. Do choro de uma criança se passa aos horrores das imagens de arquivo.  Imagens de um voyeurismo mórbido constrangedor, acentuado pela gravidade da música. E tampouco chega a ser entusiasmadora a sobreposição dos pedidos dos garotos no Halloween em relação às imagens de crianças famintas com braços estendidos, por mais que se compreenda a mensagem – eles estão pedindo justamente para que crianças como aquelas das imagens sejam assistidas. Sem falar que o nome da organização aparece por demasiado, de fraldas de bebês até piñatas. Em um determinado segmento, observa-se momentos de festividade e dança infantil em diversas culturas. desnecessário dizer que seu título também se refere a essa dupla apropriação do que seria considerado assustador, no caso do universo da fantasia infantil das bem nutridas crianaças norte-americanas, e das atrocidades de seu tempo histórico e consequente desassistência aos pequenos em várias partes do mundo. UNICEF. 16 minutos.

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