Filme do Dia: A Boêmia (1926), King Vidor
A Boêmia Boheme (La Boheme, EUA, 1926). Direção: King
Vidor. Rot. Adaptado: William M. Conselman (entretítulos), Ruth Cummings
(entretítulos), Fred De Gresack & Ray Doyle, baseado no conto homônimo.
Fotografia: Hendrik Sartov. Montagem: Hugo Wynn. Cenografia: Cedric Gibbons
& A. Arnold Gillepsie. Figurinos: Erté. Com: Lílian Gish, John Gilbert,
Renée Adorée, George Hasell, Roy D´Arcy, Edward Everett Horton, Karl Dane,
Mathilde Comont.
Paris, 1830. Mimi (Gish) é uma jovem
costureira que, despejada de seu quarto pelo atraso do aluguel, acaba sendo
acolhida pelo aspirante a dramaturgo Rodolphe (Gilbert). Porém, o amor de ambos
é interrompido pelas suspeitas de traição que Rodolphe nutre a respeito do
Visconde Paul (D´Arcy), aristocrata a quem Mimi recorre pretendendo incentivar
a carreira do amado. Mimi abandona Rodolphe quando esse não se encontra,
avisando que somente retornará quando ele for um homem bem sucedido.
Completamente arrasado com sua partida, Rodolphe consegue escrever sua obra-prima
e ganha notoriedade e dinheiro. Mimi, porém, trabalhando jornadas extenuantes
de serviços pesados, tem sua tuberculose agravada. Quando se encontra
desenganada, ainda encontra força para reencontrar o amado, morrendo em paz ao
saber de sua celebridade.
Essa que é uma adaptação do conto
original, e não da ópera de Bizet, inicia com um tom leve de farsa e lentamente se
transforma em um típico melodrama auto-sacrificial, em que a figura feminina se
auto-anula ao nível do patético para um herói misógino que somente renderá seu
tributo livre de desconfiança quando a reencontra qual uma máscara mortuária e
já pronta para partir, sabedora de que conquistara a sua mais importante
missão, que era ajudar o amado em sua carreira. Ainda que se possa argumentar
que essa é uma representação herdeira da fonte original que motivou a
adaptação, o mesmo não pode ser dito de uma imersão completa e sem maior
originalidade nos clichês melodramáticos. A Paris e os franceses que constrói,
principalmente em seu prólogo, nada ficam a dever a outras representações
semelhantes do período pelo cinema americano da época, notadamente Sétimo Céu (1927), de Borzage. Falta
aqui, no entanto, o sentido de transcendência no amor para além dos clichês
melodramáticos operados de modo quase maquínico, ao contrário de um Borzage e,
pior, o talento visual do mestre de Vidor, Griffith, a quem ele toma emprestado
uma de suas atrizes diletas. Gilbert, também precocemente falecido, disputava
popularidade em seu habituais papéis com outro “amante latino”, Rudolph
Valentino. MGM. 95 minutos.
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