Filme do Dia: Belair (2009), Noa Bressane & Bruno Safadi
Belair (Brasil, 2009). Direção: Noa
Bressane & Bruno Safadi. Rot. Original: Bruno Safadi, Noa Bressane &
Rodrigo Lima. Fotografia: Lula Carvalho & David Pacheco. Montagem: Rodrigo
Lima.
Documentário que retorna às imagens
dos filmes produzidos pela curta produtora da parceria de Júlio Bressane e
Rogério Sganzerla no início dos anos 1970. A opção pelo próprio mergulho nas
imagens dos filmes em questão parece se sobrepor a qualquer discurso mais
didático ou focado nas imagens de seus participantes – com exceção de uns
poucos, como é o caso do próprio Júlio Bressane – que são observados na
penumbra e à margem das imagens que produziram, numa opção interessante,
descontada a própria participação diferenciada que é dada a Bressane, pai de uma
realizadora do filme. Sganzerla é entrevisto em depoimentos de arquivo. O filme
evidentemente explora alguns dos grandes momentos dessa produção, como as
imagens em cinemascope e cores da favela no Rio em Copacabana Mon Amour ou os planos sequência e o improviso das
interpretações a partir de situações em Sem
Essa, Aranha. O escracho, o kitsch, a ironia na cena em que Lilian Lemmertz
fala sobre detestar pobres e ter um pai rico, que viaja para balneários no
estrangeiro. A situação política de repressão acabará fazendo com que, segundo
Bressane, ele venha a ter uma conversar com o General Sylvio Frota e abandone
posteriormente o país, marcando o final, que não chega a ser discutido, da
produtora. Quanto ao contexto cinematográfico pós-Embrafilme ele é observado em
bloco como sendo de uma rendição e negociação impossível de ser pensado por
quem sequer mal conseguia por os pés na Embrafilme, como define Bressane a
certo momento. Em nenhum momento se toca no Cinema Novo ou no cinema
internacional do período e suas influências sobre a produção do grupo. Helene Ignez
comenta sobre o modo de interpretação que diz ter sempre utilizado, que vem de
dentro dela própria. Inicia com um longo (e belo) plano de um barco que se
aproxima da Baía de Guanabara e tem os reflexos do sol indo de encontro a lente
da câmera. Pipa Produções. 80 minutos.
Comentários
Postar um comentário